Morre Bolão, ícone da boemia de BH, um mês após fechamento do bar tradicional
Morre Bolão, criador do famoso bar e espaguete de BH

Faleceu nesta terça-feira, 2 de janeiro, uma das figuras mais emblemáticas da vida noturna e gastronômica de Belo Horizonte. José Maria Rocha, conhecido por todos como Bolão, nome que também batizou seu lendário bar, morreu aos 86 anos. A informação foi confirmada pela família do empresário.

O fim de uma era em Belo Horizonte

A morte de Bolão ocorre pouco mais de um mês após o fechamento das portas do Bar do Bolão - Rei do Espaguete, ponto tradicional que funcionava na Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza, na Região Leste da capital mineira. O estabelecimento encerrou suas atividades no casarão histórico após mais de 50 anos de funcionamento, marcando o fim de um ciclo.

De acordo com a família, José Maria Rocha enfrentava problemas de saúde e estava em tratamento para diabetes há alguns anos. Sua partida deixa um vazio na cultura da cidade, especialmente entre os amantes da boa mesa e da vida boêmia.

A história do "Rei do Espaguete"

Bolão ficou nacionalmente conhecido pelo famoso espaguete à bolonhesa servido em seu bar, prato que se tornou verdadeira instituição e o queridinho de gerações de botequeiros e frequentadores noturnos de BH. A receita, simples e saborosa, era um atrativo que transcendia classes sociais e idades, unindo todos em torno de mesas compartilhadas e cervejas geladas.

A trajetória do negócio começou ainda em 1961, com o nome "Bar Rocha & Filhos". Na década de 1970, o estabelecimento se mudou para o imponente casarão da Praça Duque de Caxias, endereço que se tornou sinônimo do bar. Até seu fechamento, o Bolão era administrado pela terceira geração da mesma família, mantendo viva a tradição iniciada pelo patriarca.

Futuro incerto para a tradição

Em outubro de 2023, um comunicado nas redes sociais do Bolão Santa Tereza anunciou que o espaço no casarão passaria por reformas a pedido do proprietário do imóvel. A mensagem dava esperanças aos fiéis clientes: "Nós seguimos firmes, buscando um novo lar para continuar a escrever essa história que é parte da própria história de Belo Horizonte", dizia o texto.

A promessa era de um novo local, com o mesmo sabor, essência e alma que consagraram o Bolão. No entanto, com a morte de seu criador e maior símbolo, o futuro do projeto torna-se ainda mais incerto e carregado de simbolismo.

A última semana de funcionamento no casarão foi de comoção. Centenas de pessoas foram ao local para uma despedida emocionada, relembrando momentos vividos entre as paredes daquele que foi um dos mais democráticos pontos de encontro da cidade. A morte de Bolão fecha, de forma definitiva e melancólica, um dos capítulos mais saborosos da história social de Belo Horizonte.