
Quem diria, hein? O último desafio foi uma prova de fogo — literalmente — e Luiz Lira não só não queimou a largada como cruzou a linha de chegada com a bandeira vermelha e branca bem levantada. O cara, um cearense de 38 anos que já rodou o mundo com a panela na mão, acabou de garantir o título da temporada comemorativa de 20 anos do MasterChef Brasil. E olha, não foi pouco: R$ 500 mil e uma vaga direta na seletiva nacional do Bocuse d'Or, o Oscar da cozinha mundial.
Nervoso? Só no começo. Depois foi pura maestria. Na finalíssima, transmitida nesta quinta-feira (22), ele encarou o paulista André Mello e a gaúcha Carla Borba. Uma disputa que mexeu com o estômago — e o coração — de quem tava vendo.
O prato que mudou tudo
O menu final não era moleza não. Tinha que ter entrada, prato principal e sobremesa, tudo no tempo certo e com a criatividade lá em cima. Lira apostou num conceito ousado: “Do sertão ao mundo”. Na entrada, um carpaccio de jerimum com queijo coalho e um toque de castanha. No principal, uma releitura do clássico baião de dois, mas com cordeiro e uma técnica impecável. E pra fechar? Um mousse de caju com cumaru — uma jogada de mestre que conquistou até o exigente Erick Jacquin.
— Ele trouxe a essência dele, mas com uma técnica absurda. Isso é raro — disparou Jacquin, sem disfarçar a admiração.
Trajetória: do Ceará para o mundo
Lira não é nenhum novato não. Com 18 anos de carreira, já passou por cozinhas estreladas na França e na Espanha. Mas foi no MasterChef que ele mostrou pra todo mundo que técnica sem coração é tempero sem sal. Durante o reality, ele se destacou pela ousadia — quem não lembra daquele baião de dois com lagosta? — e pela calma nordestina que não deixou a peteca cair nem nas provas mais tensas.
— A cozinha do Nordeste é minha raiz, mas o mundo é minha casa — disse ele, emocionado, após a vitória.
E agora? O que vem pela frente?
Além da grana e do título, Lira garante uma vaga na seletiva do Bocuse d'Or, a maior competição de gastronomia do planeta. É tipo uma Copa do Mundo só que com panelas, facas e muito, muito talento. E ele já adiantou: quer abrir um restaurante no Ceará que una a cozinha regional com técnicas internacionais. Algo como um “Ceará com sotaque global”, nas palavras dele.
Paola Carosella, sempre pé no chão, resumiu bem: “O Lira não ganhou só porque cozinha bem. Ele ganhou porque entende que comida é memória, é afeto, é identidade.”
E não é mesmo? No final das contas, o MasterChef mostrou mais uma vez que a cozinha brasileira tem voz, tem vez e, agora, tem um representante de elite com muito sabor de vitória.