O dia 25 de dezembro, tradicionalmente conhecido como o "enterro dos ossos", é aquele momento em que a geladeira ainda está abarrotada de delícias da ceia de Natal. Bacalhau, frango, pernil, rabanada e panetone pedem criatividade para ganhar novas versões e voltarem à mesa, evitando o desperdício.
Da ceia farta à cozinha criativa
Em Niterói, a cozinheira Sandra Moraes virou referência na arte de transformar sobras em pratos saborosos e inovadores. Ao lado do filho Bruno, que é chef de cozinha, ela mostra que é possível dar um novo destino aos alimentos do dia anterior. "Volta tudo pra cozinha porque a criançada quer comer", brinca Sandra, referindo-se à expectativa da família por novas criações gastronômicas.
Juntos, mãe e filho demonstram como reinventar o cardápio. O frango restante vira um arroz especial, enquanto o bacalhau é transformado em um bolinho quinelado, uma versão assada que dispensa a fritura e aproveita a batata que já acompanhava o prato original.
Paixão pela cozinha que gera renda e sustentabilidade
A habilidade de Sandra com o reaproveitamento não se limita à sua casa. Suas mãos talentosas também preparam marmitas que são vendidas, gerando uma fonte de renda. Essa paixão pela culinária ganhou técnica após um curso na ONG Ação da Cidadania, onde ela aprendeu métodos de aproveitamento integral dos alimentos.
"Tudo se aproveita: a casca vira caldo, que vira molho; o talo vira farofa. E por aí vamos", explica Sandra, resumindo sua filosofia que combina economia doméstica com respeito aos alimentos.
Dicas práticas para não desperdiçar nada
Para quem está sem ideias no dia 26, Sandra dá uma sugestão simples e eficaz: "Pega aquela sobrinha de bacalhau, o talinho da couve, pica cebola, faz um refogado e transforma em um arroz diferente com tudo que tiver ao alcance". A cozinheira enfatiza o valor social e quase sagrado da comida: "Chama a família de novo, porque não pode sobrar nada. Alimento é sagrado".
Bruno, com seu toque profissional, eleva as receitas caseiras. Ele ensina o processo de criar a quinele, mostrando que sobras podem se tornar pratos sofisticados, unindo a tradição familiar herdada da mãe com inovações adaptadas para o dia a dia.
O segredo, segundo a dupla, está em ver os ingredientes com novos olhos e ter coragem para experimentar combinações. Dessa forma, o "enterro dos ossos" deixa de ser apenas uma obrigação e se transforma em uma celebração da criatividade e do consumo consciente.