
Quem passou pelo Palácio do Catete na noite desta sexta-feira (22) deve ter feito uma dupla-take. O imponente prédio — que já abrigou presidentes e hoje é sede do Ministério da Cultura — simplesmente se vestiu de verde e amarelo, num espetáculo visual de cair o queixo.
Nada de incidente político ou celebração cívica comum. A razão por trás dessa transformação luminosa é mais profunda, mais enraizada na nossa identidade: o Dia Nacional do Folclore.
Às 18h, com um clique simbólico, o ministro da Cultura, Jader Barbalho, acionou o sistema de iluminação. E não foi um simples liga-desliga. Foi um gesto carregado de significado, uma homenagem às histórias que ouvimos desde o colo das avós, aos personagens que povoam nosso imaginário coletivo.
Mais que luzes, um recado
O ministro, sabe-se lá se lembrando dos causos que ouvia na infância, foi direto ao ponto durante a cerimônia. A fala dele ecoou no pátio interno do palácio, entre autoridades e curiosos: "Esta iluminação vai além da beleza estética. É um símbolo potente do nosso compromisso em preservar e valorizar as manifestações culturais que formam o cerne da identidade brasileira".
E ele tem um ponto — desses que a gente não pode deixar passar batido. Num país de dimensões continentais como o nosso, o folclore é a cola que une regiões tão distintas. É o fio invisível que conecta o Curupira da Amazônia ao Saci do Sudeste, a Iara do Norte ao Boitatá do Sul.
Uma noite — e muitas histórias — para lembrar
A data, 22 de agosto, não foi escolhida por acaso. Foi neste mesmo dia, lá em 1965, que o Congresso Nacional oficializou a importância do nosso folclore através do Decreto nº 56.747. Uma jogada visionária para a época, diga-se.
E o Palácio do Catete, com sua arquitetura que já viu de tudo, pareceu abraçar a causa com gosto. Suas paredes iluminadas contaram, sem palavras, centenas de histórias. Quase dava para ouvir o assobio do Saci ou ver o reflexo da Iara nas janelas.
Quem estava lá — e mesmo quem só viu pelas redes sociais — sentiu uma pontinha de orgulho. Daqueles que aquecem o peito. Em tempos de tanta… digamos, agitação digital, ver o governo investindo em simbolismos tão tangíveis é, no mínimo, refrescante.
O evento, claro, não se resumiu ao apertar de um botão. Teve o peso cerimonial de sempre, com a presença de figurões do ministério e da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Mas o que realmente ficou foi a imagem daquele palácio iluminado, uma bandeira viva de cores e mitos.
Parece que a mensagem, finalmente, está clara: nossas lendas não são coisa do passado. Elas respiram, se adaptam e agora, literalmente, brilham no coração do poder cultural do país.