
Quem diria que um festival nascido nos anos 70 ainda bateria tão forte em 2025? O Festival de Inverno de Campina Grande — sim, aquele mesmo que já foi chamado de "o Woodstock do Nordeste" — completa 50 anos com o pé no acelerador e o coração cheio de histórias.
E não, não é só nostalgia. É sobre como a arte teima em sobreviver — e mais que isso, transformar vidas — mesmo quando tudo parece conspirar contra. A edição deste ano promete:
- Mais de 100 atrações espalhadas por 15 dias
- De forró pé-de-serra a experimentações eletrônicas que desafiam os ouvidos
- Intervenções urbanas que dialogam com a arquitetura histórica da cidade
Não é só música, é resistência
O curador João Marcelo (aquele mesmo que revolucionou o Carnaval de Olinda em 2023) confessou durante a coletiva: "A gente não tá fazendo só um festival. Tá plantando sementes num terreno que muitos diziam estéril". E deu pra sentir o orgulho na voz dele ao lembrar que, mesmo com cortes de verba ano após ano, o evento nunca perdeu sua essência.
Dá pra acreditar que em 1997 quase cancelaram tudo por falta de recursos? Pois é. Mas os artistas locais — esses guerreiros que ninguém vê na TV — fizeram acontecer com o que tinham. E olha onde estamos hoje.
O pulo do gato
O segredo da longevidade? Segundo Dona Maria, vendedora de tapioca que não falta a uma edição desde 1985: "É simples, moço. Aqui o povo vem pelo calor humano, não pelo nome famoso". E ela tem razão — enquanto outros festivais brigam por patrocínios milionários, o de Campina Grande mantém aquela vibe de quintal ampliado, onde o desconhecido pode brilhar tanto quanto o consagrado.
Ah, e tem a comida de rua que é atração à parte — mas isso é assunto pra outra hora.
Programação que mistura passado e futuro
Destaques imperdíveis:
- Noite dos Mestres — Os velhos guerreiros do forró dividindo o palco com jovens prodígios do tecnobrega
- Intervenções Urbanas — Artistas transformando muros descascados em telas que contam a história da cidade
- Oficinas Criativas — De como fazer seu próprio instrumento com material reciclado a aulas de dança que misturam frevo com passinhos de TikTok
E pra quem acha que cultura não move a economia, um dado: só na última edição, os hotéis da região registraram 92% de ocupação. Não é brincadeira.
No final das contas, o Festival de Inverno de Campina Grande prova, ano após ano, que arte não é luxo — é necessidade básica. Como bem definiu uma jovem artista local: "Aqui a gente não se apresenta, a gente se alimenta". E parece que essa fome só cresce com os anos.