Festa da Revolução Acreana é reconhecida como patrimônio de Rio Branco
Festa da Revolução Acreana vira patrimônio cultural

A tradicional Festa da Revolução Acreana, realizada anualmente no bairro 6 de Agosto em Rio Branco, acaba de ser oficialmente reconhecida como patrimônio cultural imaterial do município. A decisão histórica foi estabelecida através da Lei Municipal nº 2.615, sancionada e publicada no Diário Oficial do Estado na última terça-feira (25).

Proteção às tradições culturais

A nova legislação garante proteção legal às diversas expressões culturais que caracterizam a celebração histórica. Entre os elementos protegidos estão as danças típicas, vestuário tradicional, vocabulário característico, costumes locais e os desfiles cívicos que marcam a festividade.

O texto legal estabelece que o município deve promover ações concretas de preservação e valorização através de políticas públicas específicas. Isso inclui a criação de editais, realização de pesquisas acadêmicas, desenvolvimento de programas culturais e outras iniciativas que assegurem a continuidade das manifestações tradicionais.

Uma tradição que atravessa gerações

O reconhecimento consolida uma tradição comunitária que já dura aproximadamente 40 anos. O bairro 6 de Agosto, que completou 121 anos em 2025, é um dos primeiros da capital acreana e foi onde as primeiras comunidades se estruturaram e cresceram.

A programação anual da festa inclui desfile cívico, atividades culturais diversificadas, jogos tradicionais e ações comunitárias que mobilizam moradores e fortalecem os vínculos locais. A rua principal da região é considerada uma das mais antigas do Acre, elemento que reforça ainda mais o valor histórico da celebração.

Conexão histórica com a Revolução Acreana

A escolha da data da festa tem profundo significado histórico. No dia 6 de agosto de 1902, há exatos 123 anos, começaram os confrontos que marcaram a Revolução Acreana. Este movimento foi liderado por brasileiros que viviam na região e resistiam ao controle boliviano sobre o território.

O conflito teve origem na disputa pela exploração do látex, que desde a década de 1870 atraía migrantes vindos principalmente do Nordeste para a área então conhecida como "Aquiry". Os confrontos se estenderam até 1903, quando o Acre foi finalmente incorporado ao Brasil através do Tratado de Petrópolis.

Curiosamente, a data coincide com o dia da independência boliviana, fato que na época contribuiu para surpreender as tropas adversárias durante o início da ofensiva.

Ao longo dos anos, a festa passou a simbolizar não apenas a memória histórica, mas também o sentimento de pertencimento e resistência da comunidade local. Com o novo status de patrimônio cultural imaterial, esta importante tradição acreana ganha proteção legal para continuar vivendo nas gerações futuras.