O tradicional Cordão do Peixe-Boi está de volta às ruas de Belém depois de mais de uma década longe dos holofotes. A atração, que marcou época entre 2003 e 2013, retorna neste domingo, 30 de novembro, promovendo um resgate cultural que une brincantes, famílias e crianças em um percurso gratuito pela capital paraense.
Retorno após mais de uma década
O cortejo organizado pelo Arraial do Pavulagem sai da Escadinha da Estação das Docas e segue até a Praça Dom Pedro II, no histórico bairro da Cidade Velha. A iniciativa representa não apenas um retorno cultural, mas também uma celebração da relação entre Belém e suas águas, usando o peixe-boi como símbolo afetivo da Amazônia e guardião dos rios.
Júnior Soares, músico e cofundador do Arraial do Pavulagem, não esconde a emoção: "Trazer o Peixe-Boi de volta é uma alegria gigante. Esse cortejo nasce do trabalho de muita gente, das oficinas, das crianças, das famílias que acreditam nesse brinquedo".
Programação especial com simbolismo
A concentração começa às 6h na Escadinha da Estação das Docas. Às 7h, inicia a "Alvorada", com Roda Cantada, contação da Lenda do Peixe-Boi e apresentação do grupo "Arraial Desde Gitinho", formado por crianças que participaram das oficinas preparatórias.
Às 7h30, um momento marcante: um barco parte em cortejo fluvial simbólico levando o brinquedo do Peixe-Boi Encantado, acompanhado de personagens como Pirarucu, Bicho d'Água, Candiru e ibiçorocs. A travessia representa a passagem da água para a terra, reforçando a ligação ancestral de Belém com os rios.
Por volta das 8h45, o barco atraca novamente na Escadinha, onde é recebido pelo público. O cortejo então segue pela Boulevard Castilhos França, passa pelo tradicional Ver-o-Peso e chega à Praça Dom Pedro II, onde o Arraial do Pavulagem realiza um show com convidados especiais.
Educação ambiental e participação comunitária
O retorno do Cordão do Peixe-Boi também evidencia o trabalho do Instituto Arraial do Pavulagem com educação ambiental, cidadania e direitos de crianças e adolescentes. A construção do brinquedo envolveu oficinas e vivências com crianças dos bairros da Campina e do Guamá, aproximando-as da cultura popular amazônica e de temas como diversidade, inclusão e participação comunitária.
O projeto integra o "Arrastão do Pavulagem – Cultura da Amazônia na COP30 e além", que inclui também o Arrastão do Círio e o Cordão do Galo. "Nos últimos meses e durante a COP30, plantamos a semente da cultura e da consciência ambiental, algo que será celebrado no dia 30. Queremos convidar todo mundo a viver esse momento com a gente", completa Júnior Soares.
A iniciativa conta com patrocínio máster da Petrobras, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e foi selecionada entre os 140 projetos da Chamada Petrobras Cultural – Novos Eixos, em 2024, entre mais de 8 mil inscritos.