COP30: Ausência dos bois de Parintins gera polêmica na conferência
Bois de Parintins fora da COP30 causa debate cultural

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que acontece em Belém do Pará, enfrenta uma polêmica cultural inesperada. Os emblemáticos bois-bumbás Garantido e Caprichoso, considerados patrimônios culturais de Parintins, no Amazonas, foram completamente esquecidos na programação oficial do evento.

O silêncio cultural na zona verde

Enquanto a COP30 entra em seu quarto dia de debates e mobilizações na capital paraense, uma pergunta ecoa entre os participantes: cadê os bois? Esses símbolos máximos da expressão artística amazônica não receberam qualquer convite para participar dos eventos de ação diplomática e cultural programados para a Zona Verde - espaço destinado especificamente à sociedade civil e às manifestações culturais oficiais da conferência.

A ausência se torna ainda mais significativa quando consideramos o peso econômico e cultural que esses grupos folclóricos representam. O Festival de Parintins mobiliza investimentos substanciais de fontes públicas e privadas, gerando uma movimentação financeira impressionante na região.

O impacto econômico dos bois-bumbás

Os números revelam a dimensão do fenômeno cultural que foi ignorado pela COP30. Em 2025, a expectativa era que o Festival de Parintins movimentasse aproximadamente R$ 184 milhões na economia local, um valor que demonstra não apenas o apelo cultural, mas também o significativo retorno financeiro que essa manifestação proporciona à região amazônica.

Essa cifra milionária transforma a cidade de Parintins durante o período do festival, aquecendo comércio, hospedagem, alimentação e todos os serviços relacionados ao evento que atrai turistas de todo o país e do exterior.

Um patrimônio amazônico à margem do debate climático

A exclusão dos bois Garantido e Caprichoso da programação oficial da conferência climática levanta questões importantes sobre a representatividade cultural nas discussões ambientais. Essas associações folclóricas são reconhecidas como patrimônios culturais e carregam em suas performances elementos fundamentais da relação entre homem e natureza na Amazônia.

Muitos especialistas questionam como uma conferência que discute o futuro da Amazônia pode ignorar justamente algumas de suas mais autênticas e vibrantes expressões culturais. A polêmica ganhou força nas redes sociais e entre participantes que esperavam ver uma representação mais abrangente da diversidade cultural amazônica durante o evento.

O caso dos bois de Parintins na COP30 ilustra um desafio recorrente: como integrar efetivamente as vozes e expressões culturais locais nos grandes fóruns de discussão global. Enquanto isso, Garantido e Caprichoso seguem como gigantes culturais ausentes de um palmade que, teoricamente, deveria celebrar toda a riqueza da Amazônia.