Bienal Sesc de Dança 2025: Corpos Ancestrais Invadem os Palcos de Campinas
Bienal Sesc Dança: indígenas em cena em Campinas

Quem disse que a dança contemporânea e as tradições ancestrais não conversam? A 15ª Bienal Sesc de Dança, que está rolando em Campinas, prova justamente o contrário. E olha, não é só uma conversinha superficial - é um diálogo profundo, cheio de significado e, vamos combinar, bastante emocionante.

O festival, que começou no último dia 8 e vai até 26 de outubro, resolveu dar um passo importante. Ou melhor, vários passos coreografados. A curadoria teve a sacada de incluir trabalhos que mergulham fundo nas expressões corporais dos povos originários. Não é exagero dizer que os palcos estão respirando ancestralidade.

Mais do que performance: um resgate necessário

O que me chamou atenção - e muito - foi como essas apresentações vão além do simples entretenimento. Elas carregam uma potência política inegável. Cada movimento, cada gesto, cada ritmo parece ecoar séculos de história que insistem em não ser esquecidos.

Uma das obras que está dando o que falar é "Yporã", da companhia mineira Balangandança Cia. O espetáculo, que estreou ano passado, faz uma viagem sensível pela relação entre humanos e natureza. E faz isso através de uma linguagem corporal que bebe diretamente nas fontes indígenas. O resultado? Arrepios na plateia, pode acreditar.

O corpo como território de memória

É curioso pensar como esses trabalhos desafiam nossa noção de tempo. Eles apresentam o corpo não apenas como instrumento de expressão artística, mas como verdadeiro arquivo vivo de saberes tradicionais. Cada coreografia parece sussurrar: "nós ainda estamos aqui, resistindo e criando".

O interessante é que não se trata de uma representação folclórica ou superficial. Longe disso! As coreografias conseguem articular elementos tradicionais com uma linguagem contemporânea absolutamente sofisticada. É como se o passado e o presente dançassem juntos, criando algo totalmente novo - e urgentemente necessário.

Por que isso importa agora?

Num momento em que discussões sobre diversidade e representatividade ganham cada vez mais espaço, a iniciativa da Bienal Sesc parece acertar em cheio. Mas vai além do modismo - há uma seriedade na abordagem que merece reconhecimento.

Os artistas envolvidos nessas produções não estão apenas "representando" culturas indígenas. Eles estão, na verdade, estabelecendo pontes entre mundos que muitas vezes parecem distantes. E fazem isso com uma delicadeza e respeito que, confesso, me surpreendeu positivamente.

A programação ainda reserva outras surpresas que exploram essa temática. Vale a pena ficar de olho - e, se der, correr para garantir seu ingresso. Porque algumas coisas a gente precisa ver para crer. Ou melhor: para sentir.

No final das contas, o que essas apresentações nos mostram é simples e profundo ao mesmo tempo: a dança pode ser muito mais que entretenimento. Pode ser ferramenta de resistência, meio de preservação cultural e, quem diria, espaço de encontro entre diferentes Brasis. E Campinas, nesse momento, virou palco privilegiado desse encontro.