Awê Festival 2024: Mulheres revolucionam o hip-hop em Rio Preto
Awê Festival destaca artistas femininas em Rio Preto

O cenário cultural brasileiro testemunha uma transformação significativa: as mulheres estão conquistando espaços históricos na cultura hip-hop, rompendo barreiras em festivais, premiações musicais e plataformas digitais. Em São José do Rio Preto, interior paulista, o Awê Festival chega à sua terceira edição reforçando esse movimento de representatividade feminina.

O palco é delas: artistas que inspiram

Neste ano, o festival apresenta um lineup que destaca o talento feminino com Budah dividindo o palco com MC Luana e Duquesa, três potências da cena atual. Em entrevista exclusiva, Budah reflete sobre essa conquista: "O público finalmente reconheceu a qualidade que sempre entregamos. Não entendo porque demorou tanto, mas celebro que está acontecendo. Ainda há muito para melhorar, porém hoje vemos muitas jovens realizando sonhos através da música".

Histórias de transformação pelo hip-hop

Carol Cof, dançarina e arte-educadora de Rio Preto, descobriu o hip-hop através de um projeto social e encontrou na dança muito mais que uma expressão artística. "Como mulher negra e periférica, muitas vezes não tinha motivos para sonhar. A cultura hip-hop me mostrou que posso, tenho talento, beleza, atitude e poder. Ocupar esses espaços é fundamental", emociona-se Carol.

Pamela Mesquita, conhecida artisticamente como Sweet Pan, une sua expertise como trancista - aprendida com a mãe e familiares - com sua identidade visual marcante no rap. "Quando me inseri nesse movimento, participando de eventos e convivendo com pessoas da cena, finalmente me encontrei. Pensei: 'esta é minha turma'". Para Pamela, sua estética ousada nas cores, visual, unhas e cabelo representa identidade, força e referência cultural.

Rimas que transformam realidades

DJ e MC Gabz personifica o poder transformador do hip-hop. Vinda de uma realidade marcada por violência e desigualdade, encontrou no rap um caminho de superação, acumulando impressionantes mais de 200 vitórias em batalhas de rima. Atualmente, Gabz atua em projetos sociais que ensinam crianças sobre cultura hip-hop, acreditando na formação de adultos melhores através da arte.

"O rap me transformou na mulher que sou hoje, permitindo que eu inspire outras meninas a serem quem desejam ser", reflete a artista, demonstrando como o ciclo de transformação continua através das novas gerações.

O Awê Festival consolida-se não apenas como um evento musical, mas como um símbolo de resistência e empoderamento feminino no interior paulista, tradicionalmente conhecido como "terra do sertanejo". A terceira edição do festival marca um momento histórico onde a cultura urbana ganha novos contornos através das perspectivas únicas das mulheres do hip-hop.