
O telefone tocou na redação. Uma daquelas notícias que fazem a gente parar tudo, suspirar fundo e lembrar de quantas histórias bonitas uma única pessoa pode escrever. Sérgio Mattos se foi. Aos 73 anos, depois de uma batalha silenciosa contra um câncer no pâncreas diagnosticado em 2022.
E que história, meu Deus. O homem que praticamente ditou quem seria bonito no Brasil nas últimas décadas. Parece exagero? Duvido. Foi ele, com seu olhar afiado de caçador de talentos, quem primeiro enxergou o potencial naquela menina magricela do Rio Grande do Sul que viria a se tornar... bem, Gisele Bündchen. Sim, essa mesma.
O Dom de Ver Estrelas Onde Outros Só Viam Pessoas Comuns
Mas não era só sobre a supertop. O currículo do homem dava vertigem. Cauã Reymond - lembra quando ele era só um garoto desengonçado? Mattos viu o galã. Isabeli Fontana, aquela que conquistou as passarelas do mundo todo. Lázaro Ramos, antes de ser Lázaro Ramos. Até a musa Juliana Paes passou por suas mãos habilidosas.
O que ele tinha, afinal? Um sexto sentido? Talvez. Dizem que seus ex-assistentes hoje comandam meio mercado - gente como Márcio Macena e Alexandre Birman. Criava talentos até entre quem aprendia com ele.
Uma Vida Entre as Luzes da Fama
Natural da Bahia, esse cabra chegou no Rio nos anos 70 com um sonho e muita coragem. Trabalhou na famosa agência de modelos Mônica Mattos (sim, mesmo sobrenome, mas parentesco? Acho que não). Rapidinho montou seu próprio império - a Sérgio Mattos & Associados, que depois virou a Mega Model.
O resto é história. Das boas. Das que a gente conta com orgulho.
- Revelou algumas das caras mais famosas do país
- Transformou a maneira como o Brasil vê o mercado de modelos
- Deixou um legado que vai durar gerações
E pensar que tudo começou com um baiano teimoso que acreditava que beleza tinha mil formas diferentes.
O Adeus Doloroso
A partida aconteceu num hospital do Rio, na Barra da Tijuca. A família - a esposa Ticiane e os filhos - agora se prepara para o velório, marcado para este sábado no Memorial do Carmo, no centro da cidade maravilhosa. O enterro segue depois no Cemitério São João Batista, aquele mesmo onde tantos grandes nomes brasileiros descansam.
O câncer no pâncreas é daqueles que não dão trégua. Diagnosticado há dois anos, Mattos lutou com a coragem de quem sempre acreditou em milagres - afinal, quantos não fez ao longo da carreira?
O Brasil da moda, do cinema, da televisão perde hoje muito mais que um agente. Perde um pai de talentos, um visionário, um daqueles raros seres que conseguem enxergar o futuro nos olhos de um adolescente assustado.
E o que dizer? Obrigado, Sérgio. Por Gisele, por Cauã, por Isabeli, por Lázaro, por Juliana... Por nos mostrar que a beleza brasileira tinha, afinal, um endereço certo: seu escritório.