A morte da icônica atriz francesa Brigitte Bardot, aos 91 anos, no último domingo (28), trouxe de volta à tona um dos capítulos mais conturbados de sua vida: a relação extremamente complicada com seu único filho, Nicolas Charrier, hoje com 65 anos.
O "tumor" e a rejeição ao instinto materno
Em sua autobiografia "Initiales BB", publicada em 1995, Bardot foi brutalmente sincera ao admitir que nunca teve instinto materno. A estrela descreveu a gravidez com uma metáfora chocante para a época, referindo-se a ela como um tumor. "Era como um tumor que se alimentava de mim, que eu carregava na minha carne inchada, só esperando o momento para me livrar dele", escreveu ela.
Essa revelação, que causou escândalo nos anos 90, encontra eco em discussões contemporâneas. Livros como "O Mito do Instinto Materno", da jornalista americana Chelsea Conaboy, lançado no Brasil em 2024 pela Companhia das Letras, questionam se a romantização da maternidade seria um mecanismo de controle social.
Um casamento tempestuoso e uma tentativa de suicídio
Bardot casou-se com o aspirante a ator Jacques Charrier em 1959 e engravidou pouco depois. Segundo seu relato, ela desejava interromper a gravidez, mas foi impedida pelo marido. Nicolas nasceu em janeiro de 1960, mas a crise pessoal da atriz só se aprofundou.
Em setembro do mesmo ano, em um ato de desespero, Brigitte Bardot ingeriu uma dose letal de barbitúricos e cortou os pulsos. Ela passou uma semana hospitalizada, entre a vida e a morte. O casamento não resistiu, e o divórcio foi concretizado em 1963, com a guarda de Nicolas ficando com o pai.
Processos, acusações e uma reaproximação tardia
As revelações do livro "Initiales BB" tiveram consequências jurídicas. Tanto Jacques quanto Nicolas processaram a atriz, alegando que a publicação violava a intimidade de ambos. A justiça francesa condenou Bardot a pagar uma indenização total de 250 mil francos, valor que hoje equivaleria a aproximadamente R$ 400 mil.
Jacques Charrier, que abandonou a carreira de ator para se dedicar à pintura, publicou sua própria versão dos fatos no livro "Minha Resposta a Brigitte Bardot". Nele, ele acusava a equipe da estrela de pressioná-la para abortar, temendo que a maternidade prejudicasse sua carreira em favor da rival Jeanne Moreau. Jacques faleceu em setembro do ano passado, aos 88 anos.
Nicolas, que também seguiu carreira artística como ator e pintor, vive atualmente na Noruega, longe dos holofotes. Ele deu à mãe duas netas, Théa e Anna, e três bisnetos.
Após décadas de afastamento, mãe e filho se reaproximaram nos últimos anos. De acordo com jornalistas especializados em celebridades na França, Nicolas visitava Bardot regularmente em sua propriedade no sul do país. Até a manhã desta segunda-feira (29), ele não havia se manifestado publicamente sobre a morte da mãe.