Ernesto Paglia analisa crise da TV aberta e revela sonho após Globo
Ernesto Paglia fala sobre TV aberta e novos projetos

Com mais de quatro décadas dedicadas ao telejornalismo, Ernesto Paglia, de 66 anos, vive um momento de reinvenção profissional após sua demissão da TV Globo há três anos. Reconhecido nas ruas como "o cara da Globo", o experiente repórter agora mergulhou no universo dos documentários e compartilha suas reflexões sobre as transformações no mundo da comunicação.

Nova fase profissional e projetos atuais

Desde que deixou a emissora onde trabalhou por 40 anos, Ernesto Paglia encontrou liberdade criativa no campo documental. Seu projeto mais recente é o doc-reality Caça-Tempestades na Amazônia, lançado em colaboração com a cineasta Iara Cardoso e o cientista Osmar Pinto.

Em entrevista exclusiva à coluna GENTE, o jornalista comparou sua saída da Globo a "sair da casa dos pais". Ele explicou: "Você sente saudade de algumas coisas, como a proteção, do salário, da festa de fim de ano, mas chega uma hora em que é preciso ir. Hoje posso escolher os projetos com que quero me envolver".

Análise sobre a televisão aberta e novos tempos

Paglia não guarda ressentimentos pela demissão e demonstra compreensão pelas mudanças estruturais que as empresas de comunicação enfrentam. "Funcionários mais antigos têm salários mais altos, novas linguagens chegam, e a empresa precisa se ajustar para sobreviver", analisou.

Sobre o atual momento da TV aberta, o experiente profissional foi direto: "A televisão aberta está sob xeque, não é xeque-mate, mas o jogo mudou completamente". Ele destacou que a concorrência atual não são mais outras emissoras tradicionais, mas plataformas digitais como YouTube e Google.

O jornalista observa que as Smart TVs colocaram todo tipo de conteúdo na mesma tela, criando um ambiente competitivo completamente diferente. "A escala de operação é outra, os recursos são outros, e competir nesse cenário é muito difícil", completou.

Sonhos futuros e vida pessoal

Questionado sobre um possível retorno ao telejornalismo tradicional, Paglia foi categórico: "Para o telejornalismo, acho difícil. Voltaria apenas se houvesse espaço para documentários". Ele valoriza o privilégio de poder escolher seus projetos atualmente, algo que não caberia na estrutura de uma grande emissora.

Seu grande sonho profissional é claro: virar o "David Attenborough brasileiro", referindo-se ao lendário documentarista britânico especializado em natureza. "Ele é um monumento ao documentário ambiental, e eu adoraria seguir esse caminho: viver contando boas histórias sobre meio ambiente, clima e também outros temas".

Atualmente, além dos documentários ambientais, Paglia trabalha com temas sobre carros antigos, que considera repletos de histórias e tecnologia.

Na vida pessoal, seu casamento de mais de 30 anos com a também jornalista Sandra Annenberg segue forte. "Excelente, cada vez melhor. Hoje, que trabalhamos separados, temos até mais assunto", brincou. Ele comemora o fato de que Sandra voltou a fazer reportagens para o Globo Repórter.

Paglia também compartilhou preocupações sobre o jornalismo atual, alertando para os perigos da superficialidade e da falta de checagem de informações em tempos de comunicação instantânea. "O risco é virar marionete das fontes. O desafio é usar a tecnologia com consciência", finalizou.