
E o cinema ficou mais silencioso. Diane Keaton, aquela mulher de charme inconfundível e estilo único que roubou corações em 'Annie Hall', nos deixou. Setenta e nove anos de vida, carreira brilhante - e que vazio ela deixa.
Não foi uma surpresa completa, mas dói igual. A família confirmou que ela partiu tranquilamente durante o sono, em sua casa em Los Angeles. Causa natural, dizem. A gente até sabia que ela não andava bem de saúde ultimamente, mas quando a notícia chega... é um soco no estômago.
Lembro da primeira vez que vi 'Annie Hall'. Me pegou de jeito - aquela personagem tão real, tão cheia de inseguranças e graça ao mesmo tempo. Quem não se identificou com ela? E pensar que quase deram o papel para outra atriz... Loucura.
Uma carreira que marcou gerações
O Oscar por 'Annie Hall' em 1978 foi só o começo. Ou melhor, já era o ápice, mas ela continuou surpreendendo. 'O Poderoso Chefão' - quem esquece Kay Adams? Depois vieram 'Manhattan', 'Reds', 'A Família Addams'... Cada papel uma descoberta diferente.
Ela tinha um jeito próprio de atuar - meio travado, meio solto, completamente autêntico. Diziam que ela improvisava muito, que trazia pedaços de si mesma para as personagens. Talvez seja por isso que conseguia nos tocar tão profundamente.
Mais do que uma atriz
Ah, e o estilo! Aqueles ternos masculinos, chapéus, lenços... Tornou-se uma referência de moda que influencia até hoje. Mas não era só pose - era ela sendo ela mesma, recusando-se a seguir padrões.
Fora das telas, era uma figura intrigante. Nunca se casou, teve dois filhos adotivos já mais velha, viveu do seu jeito. Num mundo de aparências, ela sempre pareceu genuína. Difícil encontrar alguém assim em Hollywood.
Woody Allen, seu parceiro profissional e romântico em certo momento, uma vez disse que ela era "completamente original". E era mesmo. Não havia - e não há - ninguém como Diane Keaton.
O adeus
O anúncio oficial veio através de seu publicitário. Palavras cuidadosas, o respeito de sempre. A família pediu privacidade neste momento difícil - compreensível.
Fica a filmografia. Fica a lembrança daquela risada contida, dos olhos expressivos, da maneira única de dizer tanto com tão pouco. O cinema perdeu uma de suas vozes mais originais.
E nós, espectadores, perdemos um pedaço da nossa história. Quantas noites de domingo foram iluminadas por seus filmes? Quantos personagens ficaram gravados na memória?
Diane Keaton se foi. Mas Annie Hall? Ah, Annie Hall é eterna.