O ano de 2025 ficou marcado por uma série de perdas significativas no cenário global e nacional. Uma verdadeira constelação de ícones, que moldaram a arte, a ciência, a cultura, a política e o esporte com suas obras e ações, nos deixou. De fotógrafos visionários a políticos emblemáticos, de músicos geniais a cineastas fundamentais, suas ausências são sentidas, mas seus legados permanecem vivos.
Arte e Cultura: As Lentes, as Telas e as Canções que Silenciaram
O mundo das artes perdeu alguns de seus pilares mais brilhantes. Na fotografia, partiu Sebastião Salgado, aos 81 anos, em 23 de maio. O mineiro de Aimorés, radicado em Paris, ensinou ao mundo a enxergar belezas e horrores através de seu contraste em preto e branco, em uma obra comparada a gigantes como Cartier-Bresson e aos muralistas mexicanos.
O cinema chorou a morte de múltiplas lendas. Robert Redford, ator, diretor e fundador do Festival de Sundance, morreu em 16 de setembro, aos 89 anos. Diane Keaton, a revolucionária atriz de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", faleceu em 11 de outubro, aos 79. A italiana Claudia Cardinale, um dos rostos mais famosos dos anos 1960, partiu em 23 de setembro, aos 87. O versátil Gene Hackman, vencedor de dois Oscars, foi encontrado morto em sua casa no Novo México em 26 de fevereiro, aos 95 anos.
No Brasil, o cinema perdeu Cacá Diegues, um dos nomes centrais do Cinema Novo, autor de obras-primas como "Bye Bye Brasil". Ele morreu em 14 de fevereiro, aos 84 anos. O documentarista Silvio Tendler, conhecido como o "cineasta dos sonhos interrompidos" por filmes como "Jango" e "Os Anos JK", faleceu em 5 de setembro, aos 75. A televisão brasileira se despediu do ator Francisco Cuoco, ícone das novelas, em 19 de junho, aos 91 anos.
A música enfrentou um ano de luto pesado. O genial multi-instrumentista Hermeto Pascoal, o "Bruxo", morreu em 13 de setembro, aos 89. A voz rouca e corajosa de Angela Ro Ro calou-se em 8 de setembro, aos 75. Partiram também o tropicalista Jards Macalé (17 de novembro, 82 anos), a soul legend Roberta Flack (24 de fevereiro, 88 anos), a musa dos Rolling Stones Marianne Faithfull (30 de janeiro, 78 anos), o pioneiro do reggae Jimmy Cliff (24 de novembro, 81 anos), a cantora Preta Gil (20 de julho, 50 anos), o "Príncipe das Trevas" Ozzy Osbourne (22 de julho, 76 anos), a filha de Caymmi Nana Caymmi (1º de maio, 84 anos), o poeta do Clube da Esquina Lô Borges (2 de novembro, 73 anos), o gênio dos Beach Boys Brian Wilson (11 de junho, 82 anos) e o sambista Arlindo Cruz (8 de agosto, 66 anos).
Pensamento, Ciência e Liderança: Ideias que Perduram
O campo das ideias e da ciência também sofreu baixas irreparáveis. Na política, despedimo-nos do ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, símbolo da esquerda latino-americana, em 13 de maio, aos 89 anos. No extremo oposto ideológico, morreu o francês Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional, em 7 de janeiro, aos 96.
A ciência perdeu a primatóloga Jane Goodall, referência mundial no estudo dos chimpanzés, em 1º de outubro, aos 91 anos. O astronauta Jim Lovell, comandante da heroica missão Apollo 13, faleceu em 7 de agosto, aos 97. O bioquímico francês Étienne-Émile Baulieu, desenvolvedor da pílula abortiva RU-486, morreu em 30 de maio, aos 98. A antropóloga Niède Guidon, que revolucionou as teorias sobre a ocupação das Américas, partiu em 4 de junho, aos 92. E o biólogo James Watson, Nobel pela descoberta da estrutura do DNA, faleceu em 6 de novembro, aos 97, após anos de polêmicas.
Nas letras, o humor elegante de Luis Fernando Verissimo (30 de agosto, 88 anos) e o humor ácido de Jaguar, cofundador d'O Pasquim (24 de agosto, 93 anos), ficarão para sempre. O mundo perdeu também o Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa (13 de abril, 89 anos) e o mestre do thriller Frederick Forsyth (9 de junho, 86 anos). Na arquitetura, o visionário Frank Gehry, criador do Museu Guggenheim de Bilbao, morreu em 5 de dezembro, aos 96 anos.
Esporte: A Despedida de Gigantes das Quadras e Ringues
O esporte se despediu de atletas que entraram para a história. O basquetebol brasileiro perdeu seu "diabo loiro", Wlamir Marques, bicampeão mundial e ídolo do Corinthians, em 18 de março, aos 87 anos. O boxe chorou a morte de um de seus pesos-pesados mais emblemáticos, George Foreman, em 21 de março, aos 76 anos. E o futebol brasileiro disse adeus ao goleiro Manga, ídolo do Botafogo e do Internacional, falecido em 8 de abril, aos 87 anos.
Cada uma dessas personalidades, com suas lutas, talentos e visões de mundo, deixou uma marca indelével. Seus trabalhos, suas conquistas e suas histórias continuam a inspirar e a moldar o presente, provando que o legado de um ícone verdadeiro transcende o tempo de sua vida.