O encontro entre celebridades internacionais e a autoridade máxima da Igreja Católica sempre gera expectativa, especialmente quando o assunto é a escolha do vestuário. Recentemente, o Vaticano recebeu um grupo seleto de artistas, incluindo nomes como Cate Blanchett, Greta Gerwig e Monica Bellucci, para uma audiência com o Papa Leão XIV.
O protocolo de vestimenta no Vaticano
Antes mesmo do encontro propriamente dito, começa um ritual cuidadoso de preparação. O protocolo do Vaticano é bastante claro quanto às expectativas de vestimenta: sobriedade, modéstia e cobertura dos ombros, joelhos e decotes são fundamentais. Para mulheres, a indicação são vestidos ou saias discretos, com a cor preta sendo a mais tradicional, enquanto os homens devem usar calças compridas, camisas de mangas compridas e sapatos fechados.
Transparências, rasgos na roupa, slogans estampados ou qualquer elemento que possa ser considerado inadequado para uma cerimônia religiosa são expressamente evitados. A regra básica é vestir-se como alguém que está entrando em um espaço onde cada detalhe é observado com séculos de tradição.
Como as celebridades seguiram as regras
Dentro dessas diretrizes aparentemente restritivas, as estrelas encontraram maneiras de expressar seu estilo pessoal enquanto mantinham o respeito exigido pela ocasião. Cate Blanchett optou por um terno preto de linhas refinadas da Louis Vuitton, que equilibrava austeridade e modernidade.
Monica Bellucci escolheu um smoking da Saint Laurent, demonstrando como a alfaiataria feminina pode transmitir elegância solene. Já Greta Gerwig deu um toque pessoal ao protocolo ao usar um coat-dress xadrez em tons de roxo, uma cor associada à liturgia que representou um pequeno, porém significativo, desvio do preto tradicional.
As exceções ao protocolo
Existe, no entanto, um privilégio raríssimo quando se trata de vestimenta perante o Papa. Conhecido como "privilège du blanc", este direito permite que apenas sete mulheres no mundo vistam branco diante do Sumo Pontífice. Esta cor, que simboliza pureza e fidelidade religiosa, é reservada a rainhas e princesas de monarquias católicas.
Entre as privilegiadas estão Letizia e Sofía da Espanha, Paola e Mathilde da Bélgica, Charlene de Mônaco, Marina de Nápoles e a Grã-Duquesa Maria Teresa de Luxemburgo. Este é um privilégio antigo e simbólico, concedido caso a caso e jamais exigido.
O encontro ocorreu em 19 de novembro de 2025, e a leve transgressão de Greta Gerwig com sua escolha de cor pareceu ecoar as palavras do próprio pontífice, que minutos antes havia encorajado os artistas presentes a serem "peregrinos da imaginação".
No final, vestir-se adequadamente para encontrar o Papa representa o delicado equilíbrio entre decoro e identidade pessoal. São escolhas que não buscam chamar atenção para si mesmas, mas sim demonstrar respeito pelo espaço sagrado enquanto permitem que cada visitante conte, de maneira discretíssima, um pouco de quem é. Um gesto silencioso, mas profundamente significativo: diante do Sumo Pontífice, as roupas parecem fazer uma reverência antes mesmo de seus usuários.