O ano de 2024 reservou um capítulo especialmente desafiador na carreira do zagueiro Lucas Halter. Vestindo a camisa do Botafogo, o atleta enfrentou uma onda de críticas, que partiu tanto da torcida quanto do próprio dono da SAF alvinegra, John Textor. Agora, em entrevista ao UOL, Halter trata o assunto como uma página virada e detalha como manteve a força mental para resurgir com destaque no Vitória.
O período conturbado no Botafogo e o atrito com Textor
Lucas Halter explicou que, durante a má fase da equipe, acabou sendo apontado como um dos culpados pelos maus resultados. A situação se intensificou após a derrota para o Junior Barranquilla, na estreia da Libertadores, quando foi criticado internamente por sua postura em campo. Esse episódio, conforme o jogador, minou sua confiança.
"Quando as coisas estão dando certo, são 10 mil maravilhas. Quando não está dando certo, sempre tem os culpados, tem os vilões", refletiu Halter. No entanto, ele garante que sua mente permaneceu forte nos bastidores. "As cobranças sempre vão existir. A gente tem que estar preparado. O mental tem que estar forte, ainda mais num clube grande", afirmou.
Sobre as críticas públicas de John Textor, o defensor demonstra não guardar mágoas. Ele atribui o ocorrido ao estilo do empresário. "É o jeito dele de lidar com as situações. A gente não leva nada para o lado pessoal, todo mundo quer ganhar, todo mundo é competitivo", disse, mostrando compreensão com a postura do dono do Botafogo.
O renascimento no Vitória e o apoio da torcida
A guinada na carreira de Halter começou com sua chegada ao Vitória, no início deste ano, a pedido do então técnico Thiago Carpini. Porém, foi sob o comando de Jair Ventura que o zagueiro encontrou seu melhor futebol. Desde a chegada do novo treinador, Halter marcou quatro gols, incluindo dois decisivos na luta contra o rebaixamento, diante de Internacional e Mirassol.
Para o atleta, a volta por cima foi coroada pelo apoio incondicional da torcida rubro-negra. "Desde quando eu cheguei no Vitória, eu já vi que a torcida era diferente. Eles abraçam os jogadores independentemente da situação", contou, emocionado. Halter destacou que mesmo após jogos ruins, o Barradão lotava e só apoiava a equipe. "O Barradão chega a tremer... Isso aí é coisa de maluco. Eles tiveram um papel fundamental na nossa retomada", completou.
O duelo contra o Botafogo e o futuro incerto
Um dos momentos mais peculiares da passagem de Halter pelo Vitória foi o duelo contra seu clube proprietário, o Botafogo. Por estar emprestado, o clube baiano teve que desembolsar R$ 500 mil ao Alvinegro para poder contar com o zagueiro na partida, que terminou em 0 a 0.
"Eu achei que eu não ia jogar, me pegou de surpresa", admitiu Halter. "Foi estranho entrar em campo, ver todo mundo, todos os companheiros [do Botafogo]. Mas eu defendo a camisa que eu estou vestindo". O empate, no final das contas, foi precioso: o Vitória escapou do rebaixamento na Série A por apenas um ponto.
Sobre o futuro, a situação ainda não está definida. O desejo do jogador é permanecer no Vitória, mas o UOL apurou que alguns clubes da primeira divisão já realizaram sondagens. Um retorno ao Botafogo, por outro lado, está praticamente descartado, fechando um ciclo turbulento que deu lugar a uma notável superação.