
Quem diria que as mãos que um dia carregavam tijolos e argamassa levantariam toneladas em barras olímpicas? Bitelo — nome que hoje ecoa nas redes sociais — provou que destino é coisa que a gente escreve com suor e persistência.
Nascido na periferia de Campinas, o agora campeão mundial de powerlifting começou sua jornada como servente de pedreiro. "Lembro de acordar às 4h, pegar dois ônibus e chegar na obra com as mãos já doloridas só de pensar no dia", conta, entre risos que disfarçam a saudade daquela época dura.
O ponto de virada
Tudo mudou numa tarde quente de 2018. Enquanto descarregava sacos de cimento, Bitelo reparou num antigo halter enferrujado no canto da obra. Aquilo ali viraria sua obsessão. Treinos antes do sol nascer, dietas improvisadas (quando dava) e aquela teimosia típica de quem não aceita o "não" como resposta.
Três anos depois, o improvável aconteceu:
- Primeiro lugar no Campeonato Brasileiro
- Recorde sul-americano no agachamento
- E agora, o título mundial — com direito a lágrimas no pódio
Nas redes sociais, o atleta viralizou não só pelos números impressionantes (são 280kg no levantamento terra, pra quem tá curioso), mas pela autenticidade. Posta vídeos treinando entre caixas de legumes no mercadinho onde ainda trabalha aos fins de semana. "Não esqueço minhas raízes", repete como mantra.
O segredo? Humildade e ferro
Enquanto influencers fitness brigam por patrocínios, Bitelo mostra o cotidiano sem filtros — inclusive as derrotas. Na semana passada, compartilhou um treino fracassado com a legenda: "Hoje o corpo disse não. Amanhã a gente tenta de novo". Essa transparência conquistou 215 mil seguidores em três meses.
Psicólogos esportivos apontam seu caso como exemplo raro de resiliência. De cada dez atletas com histórico similar, nove desistem no primeiro ano. Ele persistiu mesmo quando o dinheiro do transporte pro ginásio vinha da venda de latinhas recicladas.
E os planos? Bitelo sonha em abrir uma academia popular. "Quero que moleque como eu veja que dá pra mudar a história", diz, enquanto ajusta a faixa de levantamento que já salvou suas costas inúmeras vezes — tanto no esporte quanto nas obras.