Um desentendimento entre a Arquidiocese de Aracaju e a Prefeitura de São Cristóvão marcou o encerramento do Festival de Artes de São Cristóvão (Fasc) 2025. O conflito surgiu após a realização de apresentações musicais dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos durante os quatro dias do evento.
Arquidiocese se manifesta sobre uso do espaço sagrado
Nesta segunda-feira (24), a Arquidiocese de Aracaju emitiu uma nota oficial posicionando-se sobre o ocorrido. A instituição religiosa afirmou categoricamente que não foi informada sobre a utilização do templo para as apresentações artísticas.
Em trecho da declaração, a Arquidiocese reforçou: "Reiteramos que os templos católicos são espaços sagrados, dedicados à oração, ao recolhimento espiritual e às celebrações próprias da vida da igreja. Qualquer evento de caráter artístico, cultural e social que utilize o interior das igrejas deve ser previamente apresentado, analisado e autorizado pela autoridade eclesiástica competente".
Prefeitura rebate e apresenta documentação
Em resposta às alegações da Arquidiocese, a Prefeitura de São Cristóvão, responsável pela organização do Fasc, divulgou um comunicado contestando as informações. A gestão municipal garantiu que possuía autorização formal para o uso do espaço, registrada através de ofício datado de 2 de outubro de 2025 e assinada pelo frei responsável pela igreja.
Além disso, a prefeitura destacou que manteve diálogo direto com o religioso, seguindo o mesmo procedimento adotado em edições anteriores do festival. A administração municipal também enfatizou os cuidados tomados com o patrimônio histórico:
- Realização de reformas no banheiro do local
- Execução de pequenos reparos na estrutura
- Adoção de todas as medidas necessárias para garantir a integridade do patrimônio
Artistas e programação envolvidos
As apresentações que ocorreram no interior da igreja incluíram nomes reconhecidos no cenário artístico. Entre os participantes estavam:
Lucas Campelo, João Ventura, Orquestra Cajuína e o Grupo Brasileiríssimo, além de outros artistas que se apresentaram conforme a programação divulgada oficialmente pela organização do Fasc.
Repercussão nas redes sociais
O uso da igreja como palco para as apresentações artísticas gerou intenso debate nas plataformas digitais. Muitos usuários manifestaram questionamentos sobre a adequação da escolha do local, enquanto outros defenderam a iniciativa como uma forma de valorizar o patrimônio histórico através da cultura.
A polêmica envolve dois aspectos centrais: a preservação do caráter sagrado dos espaços religiosos e a utilização de patrimônios históricos para atividades culturais, levantando discussões sobre os limites e as autorizações necessárias para tais eventos.