Martinópolis (SP) abriga a única paróquia do Brasil dedicada a Santa Bibiana
Única paróquia de Santa Bibiana no Brasil fica em Martinópolis

No interior do estado de São Paulo, o município de Martinópolis guarda uma singularidade religiosa que atrai a atenção de fiéis e curiosos. A cidade, com uma população estimada em 25.240 habitantes pelo IBGE, é sede da única paróquia do Brasil dedicada a Santa Bibiana, virgem e mártir do século IV considerada pela Igreja Católica como intercessora contra doenças da cabeça, epilepsia e transtornos mentais.

A ligação histórica entre a santa e a cidade

A escolha de Santa Bibiana como padroeira tem raízes afetivas na história local. De acordo com registros da Prefeitura de Martinópolis, Bibiana era o nome de uma das filhas do fundador da cidade, Coronel João Gomes Martins. Este vínculo familiar foi um dos motivos determinantes para que a Igreja Matriz recebesse a invocação da santa.

A construção do templo começou em 1936, antes mesmo da emancipação política do município, que ocorreu em 1939, ano em que a igreja foi finalmente concluída. Ela foi erguida sobre uma capela pré-existente, que já não comportava o crescimento da população local. O espaço atual tem capacidade para acomodar 570 pessoas sentadas e recebe fiéis diariamente.

Arte, devoção e celebrações únicas

A paróquia é um verdadeiro patrimônio artístico. As pinturas do teto e das laterais são obras do artista Francisco Ramirez, de Avaré (SP), e passaram por dois processos de restauração. A mais recente delas foi realizada em 2006 pelo artista local Sérgio Genaro, garantindo a preservação desse acervo.

O padre Marcone Silva Castro, pároco da Matriz Santa Bibiana há quase dois anos, enfatiza a forte relação da comunidade com a devoção. "Identificação afetiva e devocional é resultado do impelir de Deus. A fé é uma herança incomensurável", afirmou. Ele também destacou a missão de expandir a divulgação da santa: "Santa Bibiana está em processo de divulgação mais expansivo e esta é uma missão da nossa paróquia e de todos os devotos".

A vida litúrgica da paróquia é intensa, com missas semanais realizadas em vários horários:

  • Terça a quinta-feira: às 19h30
  • Sexta-feira: às 15h
  • Domingo: às 8h, 10h e 19h

Além disso, o dia 2 de dezembro, dedicado à santa, é feriado municipal. As celebrações costumam incluir, além das missas, eventos comunitários como quermesses, com shows ao vivo e comidas típicas, reforçando os laços da comunidade.

A história de fé e martírio de Santa Bibiana

A devoção a Santa Bibiana remonta ao século IV, em Roma, durante o governo do imperador Juliano, conhecido como "o Apóstata", que perseguia os cristãos. De família cristã, Bibiana viu seu pai, Flaviano, morrer como escravo e sua mãe, Dafrosa, ser decapitada. Ela e sua irmã, Demétria, foram presas. Demétria foi violentada e morta na prisão.

Bibiana, por sua vez, foi levada a um prostíbulo, mas a tradição relata que nenhum homem conseguia violentá-la, pois entravam em surtos de loucura ao tocá-la. Transferida para um asilo de pessoas com transtornos mentais, teria curado os doentes com sua presença. Por fim, foi chicoteada até a morte. Seu corpo, jogado para ser devorado por cães, teria sido respeitado pelos animais, permitindo que cristãos o recolhessem para um sepultamento digno.

Segundo o padre Marcone, "Santa Bibiana é virgem e mártir, são duas vitórias que sua alma experimentou... Ela nos ensina que Jesus é o tesouro de maior valor para a alma". Sua tumba em Roma se tornou local de peregrinação, e sua intercessão é invocada há séculos por aqueles que sofrem com enfermidades mentais e neurológicas, um legado de fé que encontra seu único lar paroquial no Brasil justamente no interior paulista.