O cenário musical brasileiro ganha um representante do interior mineiro em seu principal júri. Lucas Cordeiro, produtor cultural de Uberlândia, foi oficialmente convidado para integrar a Academia do Prêmio Multishow 2025. O grupo é responsável por indicar e votar nos artistas e obras que levarão a cobiçada estatueta na cerimônia marcada para 9 de dezembro, no Riocentro, no Rio de Janeiro.
Da administração à produção cultural: a trajetória de um jurado
Nascido em Faro, Portugal, Lucas chegou ao Brasil ainda bebê, cresceu em São Paulo e escolheu Uberlândia para construir sua vida profissional em 2009, quando ingressou no curso de Administração da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Foi durante a graduação que um período de mobilidade acadêmica na Universidade do Algarve, em Portugal, ampliou seus horizontes. Sua seleção para o corpo de jurados do Multishow é um reflexo direto de seu currículo sólido, que inclui cursos especializados como Música e Negócios e A&R na Indústria Fonográfica na PUC-Rio e Music Business na Rio Academy.
Em Uberlândia, ele deixou sua marca como coordenador de eventos de quatro rádios do Grupo Integração: Mix FM, Regional FM, Cultura FM e Cultura FM Perdizes. Para Lucas, o convite é um reconhecimento valioso. "É um reconhecimento que mostra que o trabalho em Uberlândia tem feito a diferença", afirma. Ele destaca a importância do profissionalismo, da otimização de recursos e, principalmente, da valorização de artistas locais, uma prática que aplica no Festival Timbre, onde 50% da programação é dedicada a talentos mineiros.
Um convite inesperado e uma carreira dedicada à música
A primeira reação ao receber o convite foi de desconfiança. "Quando recebi a ligação achei até que era golpe", revela Lucas. Ele já havia sido convidado para a edição de 2024, mas não pôde confirmar a participação a tempo. Em 2025, a história será diferente, e seu voto ajudará a definir os eleitos. Sua conexão com a música é orgânica e vem de longe: começou nos vocais das bandas Multus e Luau L, compartilhando palco com nomes como O Rappa, Tico Santa Cruz e Digão, dos Raimundos.
A transição para a produção de eventos, a partir de 2018, foi um passo natural. "Foi algo natural que eu já vinha trabalhando com eventos universitários e fazia as produções de backstage das minhas próprias bandas", explica. Hoje, é sócio da Eventaria Produções e dirige a Stage Dive, uma agência de shows que gerencia mais de dez artistas e uma agenda de quase mil apresentações anuais, abrangendo eventos corporativos, sociais e festivais. Ainda assim, encontra tempo para se apresentar como integrante do Reggae Brazuca, maior coletivo de reggae do país.
Como funciona a Academia e a busca pela descentralização
A Academia do Prêmio Multishow é composta por profissionais convidados diretamente pela organização. Eles têm duas missões principais: indicar os concorrentes e realizar uma votação técnica e confidencial para definir os vencedores da maioria das categorias (cerca de 18). Apenas cinco categorias são decididas por voto popular. Os critérios de avaliação incluem qualidade, inovação, impacto cultural e relevância para a música brasileira.
Para Lucas Cordeiro, seu convite simboliza uma iniciativa positiva do prêmio. "Comprova essa iniciativa do prêmio de descentralizar para expandir os acessos ao que vem sendo feito no Brasil", avalia. Ele ressalta a dificuldade de se ter noção da magnitude da produção musical em um país tão plural e vê na primeira fase de votação, onde qualquer artista pode ser indicado, uma oportunidade crucial. "Na primeira fase de votação podemos indicar qualquer artista, desde os locais até os de renome", comenta.
Além do Prêmio Multishow, Lucas também representa a região do Triângulo Mineiro no MIC BR, em Fortaleza, levando a cultura local para players de todo o Brasil. Sua atuação constante reforça o objetivo de profissionalizar o mercado musical em Uberlândia, fortalecendo não apenas os talentos no palco, mas toda a cadeia de produção e backstage que sustenta a cena artística.