O cenário musical brasileiro perdeu uma de suas figuras mais icônicas nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025. Jards Macalé faleceu aos 82 anos na cidade do Rio de Janeiro, deixando um legado artistico incomparável. Conhecido carinhosamente como o "Anjo Torto" da MPB, o cantor e compositor marcou gerações com seu vasto repertório de clássicos, muitos deles imortalizados nas vozes de grandes estrelas como Gal Costa e Maria Bethânia.
O legado musical de Jards Macalé
A trajetória de Jards Macalé na música brasileira foi marcada por composições que desafiaram convenções e abriram novos caminhos para a MPB. Sua morte representa o fim de uma era, mas suas canções continuam vivas através de interpretações que atravessam décadas. Conheça algumas das obras mais significativas de sua carreira.
Vapor Barato: O hino da contracultura
Criada em parceria com Wally Salomão, Vapor Barato se tornou um dos grandes sucessos do álbum de estreia do artista. A canção ganhou notoriedade nacional quando foi incluída no antológico show Fa-Tal de Gal Costa, consolidando-se como um verdadeiro hino da contracultura brasileira. Além de Gal, a faixa também recebeu interpretações memoráveis de Maria Bethânia e da banda O Rappa, demonstrando sua relevância atemporal.
78 Rotações: Nostalgia e inovação
Fruto da colaboração com o poeta José Carlos Capinam, 78 Rotações faz referência aos primeiros discos que tocavam a 78 rotações por minuto. A música conquistou diferentes gerações de intérpretes, sendo regravada por artistas diversos como Alceu Valença e Criolo. Essa versatilidade comprova a força da composição de Macalé, capaz de dialogar com diferentes contextos musicais.
Hotel das Estrelas: A virada experimental
Escrita ao lado de Duda Machado, Hotel das Estrelas integrou o repertório do álbum Legal de Gal Costa, lançado em 1970. Este trabalho representou uma virada significativa na carreira da cantora, marcando sua transição para uma fase mais experimental e de maior diálogo com compositores vanguardistas como o próprio Jards Macalé.
Farinha do Desprezo: O símbolo politizado
Mais uma parceria bem-sucedida com Wally Salomão, Farinha do Desprezo se tornou emblemática da fase mais contestadora e politizada de Macalé. A força da composição foi reconhecida por intérpretes contemporâneas da MPB, como Emanuelle Araújo, que incluiu a faixa em seu álbum Quero Viver Sem Grilo – Uma Viagem a Jards Macalé.
Mal Secreto: A estética underground
Esta canção, também criada em parceria com Salomão, se consolidou como um clássico da estética underground dos anos 1970. Mal Secreto representava uma fuga consciente dos formatos tradicionais de música predominantes na época. Sua influência pode ser medida pelas diversas interpretações de artistas como Gal Costa, Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto, Céu e Orlando Morais.
A partida de Jards Macalé deixa um vazio no cenário cultural brasileiro, mas seu legado musical permanece mais vivo do que nunca. Suas composções continuam a inspirar novas gerações de artistas e a emocionar ouvintes em todo o país, garantindo que o "Anjo Torto" da MPB nunca será esquecido.