DMeloCoco lança Sambada: coco ancestral encontra beats eletrônicos
DMeloCoco lança Sambada com coco e eletrônico

O cenário musical brasileiro ganha um presente especial com o lançamento de Sambada, álbum independente do artista pernambucano DMeloCoco que chegou às plataformas digitais neste sábado, 29 de novembro de 2025.

Nascido no Recife em 1983 e criado em Camaragibe, DMeloCoco traz em suas veias a herança do coco, gênero musical que conheceu desde a infância durante suas passagens por Bom Jardim, cidade do Agreste pernambucano.

Uma trajetória enraizada na cultura nordestina

Com uma carreira consolidada na cena independente desde 2016, DMeloCoco já integrou grupos importantes como Menestréis Cantador e Coco dos Capoeira, desenvolvendo uma expertise que transborda em seu trabalho solo.

Sambada se apresenta como uma obra audaciosa que estabelece pontes entre a tradição e a contemporaneidade. Partindo sempre do coco de roda praticado na Zona da Mata do Agreste de Pernambuco, o álbum cria conversas musicais surpreendentes com a cabula, rap, trap, funk, soul e até mesmo com o noise eletrônico.

A fusão que revitaliza tradições

O grande trunfo do álbum está na capacidade de DMeloCoco em tirar do coco qualquer tipo de ranço anacrônico, mesclando elementos para multiplicar possibilidades sonoras. A obra foi criada e desenvolvida a partir de maracatu, caboclinho, capoeira, ciranda, baião e samba, criando um caldeirão cultural rico e vibrante.

Na base instrumental, a percussão pauta os arranjos de guitarra, sanfona, pífano e baixo, com instrumentistas que se expressam em extraordinário congraçamento com os tambores. O resultado são batidas que realçam os valores afro-brasileiros com tamanha força que fazem os corpos estremecerem em consonância.

Percorrendo as faixas do álbum

A jornada musical começa com "Canção Para o Povo da Rua", um chamado coletivo ao congraçamento, à festa e à cidadania cultural. Na sequência, "Morubá" mistura a batida do trap com atabaques que evocam toques de terreiro, também disponível em versão audiovisual.

"Caboclo de Família" revela a ancestralidade indígena e sua ligação com a terra, enquanto "Paranambuca" traz o grave do maracatu em homenagem explícita ao nome do estado pernambucano.

A religiosidade prepondera em "Capoeira Odoyá", que traz o movimento corporal de defesa. Já "Carta Pra Cecy" inicia com acordeom enquanto DMelo declama versos plenos de memórias infantis.

"Um Bom Começo" traz o balanço nordestino para o proscênio, entoado por DMelo com suingue arretado, apoiado por sanfona e coro feminino. O encerramento fica por conta de "Lasca Vara", que numa levada instigante clama ao poder de criação enquanto prepara para o gran finale da sambada.

O projeto contou com produção de Vinícius de Farias, violão de sete cordas de Zé Freire e pífano de Iko Brasil, formando uma equipe comprometida com a excelência da fusão proposta por DMeloCoco.

Sambada se consolida como um marco na música brasileira contemporânea, demonstrando que as tradições nordestinas não apenas permanecem vivas, mas também evoluem e se reinventam através de artistas visionários como DMeloCoco.