Desfiles do Rio viram Patrimônio Cultural do Estado em 2025
Desfiles do Rio são Patrimônio Cultural do Estado

Os icônicos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro ganharam um novo e importante status. A partir de sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, o espetáculo carnavalesco foi oficialmente declarado Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro. O decreto foi assinado pelo governador Cláudio Castro e publicado no Diário Oficial do estado.

Reconhecimento Histórico e Econômico

A medida vai muito além de um título simbólico. Ela reconhece os desfiles como um símbolo fundamental da identidade cultural fluminense. Além disso, a ação fortalece o Carnaval como uma política oficial de valorização cultural e de desenvolvimento econômico para o estado, projetando o nome do Rio de Janeiro internacionalmente.

O decreto estadual garante que os desfiles passem a integrar o conjunto de bens culturais protegidos pelo estado. Isso assegura um respaldo institucional direto para as escolas de samba, para os milhares de profissionais do setor e para toda a complexa cadeia produtiva que gira em torno da realização do espetáculo.

Caminho Paralelo ao Reconhecimento Nacional

Enquanto o estado avança, um processo em nível federal segue seu curso próprio. Em 29 de agosto de 2025, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), por meio de sua diretora cultural Evelyn Bastos, entregou um pedido formal de registro ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O objetivo é que os desfiles da Marquês de Sapucaí sejam reconhecidos como Patrimônio Cultural do Brasil. O documento foi recebido pelo presidente do Iphan, Leandro Grass, e pelo diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Deyvesson Gusmão.

O Iphan confirmou o recebimento e explicou que o processo federal é independente das iniciativas estaduais. Ele envolve várias etapas rigorosas, incluindo análise técnica da documentação, avaliação por uma Câmara Setorial e, finalmente, a decisão do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

O instituto ressaltou que o pedido está alinhado com a importância cultural e histórica do carnaval carioca, algo já reconhecido em outras ocasiões. Vale lembrar que o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, projetado por Oscar Niemeyer, já é tombado em nível federal desde 2021. Além disso, as Matrizes do Samba no Rio (partido-alto, samba de terreiro e samba-enredo) são Patrimônio Cultural do Brasil desde 2007.

Impacto e Visão dos Sambistas

A decisão do governo fluminense foi amplamente comemorada por figuras centrais do carnaval. O consagrado intérprete Paulinho Mocidade considerou a medida muito acertada. Em entrevista à Rádio Nacional, ele destacou a transformação do status do sambista ao longo das décadas.

"No passado, nas décadas de 1920 a 1950, o sambista era marginalizado. O preconceito era gigantesco. O cara entrava em cana. A situação era delicadíssima. Hoje, o sambista é referência", afirmou Paulinho. "Porque o carnaval do Rio vai daqui para todo o Brasil, e, do Brasil, para todo o mundo. Isso faz com que o sambista adquira, acima de tudo, respeito."

O reconhecimento como Patrimônio Cultural do Estado abre portas concretas. Ele permite viabilizar ações de fomento, preservação da memória e apoio continuado às agremiações. A medida também amplia a base legal para investimentos públicos, parcerias institucionais e políticas de valorização profissional, além de contribuir para preservar os saberes tradicionais do samba.

Os números do Carnaval de 2025 mostram a força econômica do setor. O governo do estado investiu R$ 90 milhões na festa, que gerou um impacto positivo estimado em R$ 6,5 bilhões na economia fluminense. Foram criados cerca de 70 mil empregos temporários, um crescimento de 8,6% em relação ao ano anterior, e mais de 2,1 mil novos empreendimentos com ligação direta ou indireta com a folia.

Dessa forma, o decreto não apenas homenageia uma tradição centenária, mas também consolida o Carnaval como um ativo estratégico do Rio de Janeiro, tanto do ponto de vista cultural quanto econômico.