Cuba apoia enredo afro-religioso da Paraíso do Tuiuti para 2026
Cuba apoia enredo afro-religioso do Tuiuti em 2026

Encontro histórico no consulado cubano

Uma reunião inédita marcou os preparativos do Carnaval 2026 na última sexta-feira, dia 14 de novembro. O carnavalesco Jack Vasconcelos e o diretor executivo Bruno Valle, representantes da escola de samba Paraíso do Tuiuti, estiveram no Consulado Geral de Cuba em Sumaré, São Paulo.

O encontro teve como objetivo apresentar o projeto do próximo desfile ao cônsul-geral cubano, Benigno Pérez Fernández. Durante a reunião, os membros da agremiação carioca convidaram formalmente o diplomata para assistir à apresentação oficial na Marquês de Sapucaí.

Enredo celebra sabedoria religiosa afro-cubana

O tema escolhido pela Tuiuti para 2026 é "Lonã Ifá Lukumi", uma homenagem à vertente religiosa afro-cubana que está sendo redescoberta no Brasil, mas que já possui tradição consolidada em Cuba. O enredo busca transmitir uma mensagem positiva para a humanidade, focando em valores como o bem, o respeito e a harmonia.

A narrativa utilizará a sabedoria do oráculo de Ifá como guia espiritual. Esta escolha temática representa uma ponte cultural entre Brasil e Cuba, destacando as raízes africanas compartilhadas pelos dois países.

Contexto histórico da liberdade religiosa em Cuba

O apoio cubano ao enredo religioso marca uma significativa evolução na postura do país em relação à liberdade de crença. Após a Revolução Cubana de 1959, o regime comunista adotou uma política de restrição e repressão às práticas religiosas.

Este cenário começou a mudar somente na década de 1990. Em 1992, ocorreu uma virada histórica quando o ateísmo deixou de ser a posição oficial do Estado cubano. A Constituição do país foi alterada para permitir explicitamente a afiliação religiosa, abrindo espaço para o reconhecimento de tradições como a que será homenageada pela Tuiuti.

O cônsul Benigno Pérez Fernández recebeu o convite para o desfile e se comprometeu a dar uma resposta em breve. Caso aceite, sua presença na Sapucaí representará não apenas um apoio cultural, mas também um símbolo da nova relação entre Cuba e as expressões religiosas de matriz africana.