Floresta Viva: Museu Goeldi Une Ciência, Natureza e Arte em Experiência Imersiva Inédita
Arte e ciência se unem em floresta do Museu Goeldi

Imagine caminhar por uma floresta onde cada árvore sussurra histórias, cada rio canta poesias e a ciência dança com a arte em perfeita sintonia. É exatamente essa experiência sensorial que o Museu Paraense Emílio Goeldi preparou para seus visitantes a partir deste sábado (5).

A mostra "Um Rio Não Existe Sozinho" — que nome mais apropriado — ocupa nada menos que cinco hectares do Parque Zoobotânico. E olha, não se trata daquelas exposições convencionais que você encontra por aí. É algo completamente diferente, quase uma imersão na própria alma da Amazônia.

Quando a Floresta Vira Galeria

Cinco obras site-specific — expressão chique para dizer que foram criadas especialmente para aquele lugar — dialogam diretamente com a paisagem. A curadoria inteligente de Ana Pato e Rafaela de Andrade conseguiu algo raro: fazer com que arte, ciência e natureza não apenas coexistam, mas se complementem de maneira orgânica.

"A gente queria mesmo era criar uma conversa entre esses universos", confessa Ana, com aquela empolgação contagiante de quem vê um projeto nascer. "Não é sobre colocar obras numa floresta, mas fazer com que a floresta participe das obras."

Os Rios Como Protagonistas

A temática central — os rios — não poderia ser mais urgente. Num momento em que discussões sobre sustentabilidade muitas vezes ficam presas em números e gráficos, a exposição traz uma abordagem visceral. Você literalmente sente a importância desses cursos d'água.

Uma das instalações mais impactantes — pelo menos na minha opinião — é a que trabalha com sons subaquáticos. Quem diria que o fundo dos rios amazônicos tinha uma sinfonia própria? É de arrepiar.

Pesquisa Que Virou Arte

O que pouca gente sabe é que tudo isso nasceu de um meticuloso trabalho de pesquisa. Os artistas praticamente viraram cientistas por um tempo, mergulhando em dados hidrológicos e estudos ecológicos. Dois anos de preparação — não é brincadeira.

"Cada obra tem uma base científica sólida", explica Fernanda Martins, uma das coordenadoras. "Mas a gente quis traduzir esses dados em experiências emocionais. Porque no fim das contas, as pessoas protegem o que amam, não o que apenas entendem."

Para Todos os Sentidos

A acessibilidade foi pensada nos mínimos detalhes. Tem audiodescrição que é uma verdadeira poesia, libras que flui como dança, e até recursos táteis para quem enxerga o mundo através das mãos. Tudo para garantir que ninguém fique de fora dessa conversa com a floresta.

E o melhor? A entrada no parque continua custando apenas R$ 3 — um verdadeiro presente para a população. Estudantes pagam metade, e crianças até 10 anos não pagam nada. Democrático, né?

Não É Só Ver, É Viver

O que mais me marcou — e talvez seja o grande trunfo da exposição — é como ela consegue ser ao mesmo tempo informativa e profundamente emocional. Você sai de lá diferente, com aquela sensação de que os rios não são apenas água correndo, mas veias pulsantes de um organismo vivo.

A mostra fica em cartaz até abril de 2026 — tempo mais que suficiente para que muitos possam ter essa experiência transformadora. Mas meu conselho? Não deixe para a última hora. Algumas coisas na vida precisam ser vividas sem pressa.