Arte amazônica ecoa na COP30: música, poesia e bioinstrumentos
Arte amazônica na COP30 com bioinstrumentos e música

A COP30 se transformou em palco para a expressão artística da Amazônia, onde a cultura local encontrou eco nas discussões globais sobre mudanças climáticas. Através de poesia, música e ilustrações, artistas regionais apresentaram ao mundo a riqueza cultural amazônica e sua intrínseca conexão com a preservação ambiental.

Celdo Braga e os bioinstrumentos: a floresta que soa

Com 43 anos de carreira dedicados à poesia e à valorização da identidade amazônida, Celdo Braga marcou presença no evento com declamações, apresentações musicais e seus famosos bioinstrumentos. Estas peças únicas são criadas a partir de sementes, cascas e outros materiais naturais da floresta, transformando elementos da biodiversidade em arte sonora.

"Estava bastante à vontade, porque venho, há muitos anos, desenvolvendo um trabalho voltado para que a natureza seja preservada e a vida seja respeitada. Em um evento como este, meu trabalho encontrou ressonância", afirmou o artista.

O projeto dos bioinstrumentos já conta com 60 instrumentos catalogados, fabricados com frutos e fibras amazônicas como caroço de tucumã e casca de cupuaçu. Esta coleção integra a plataforma internacional The Amazonic, considerada a primeira biblioteca de sons amazônicos do mundo.

Música que engaja e conscientiza

O acordeonista Éder do Acordeon, natural do Juruá, utilizou a música como ferramenta de conscientização ambiental. Suas apresentações interativas transformaram perguntas diretas ao público em refrões poderosos: "Vocês vão sujar a água? Vocês vão fazer queimada?"

A resposta unânime da delegação - "Eu não!" - demonstrou o poder da arte em mobilizar pessoas. "Cantei pela Amazônia, mas também para o mundo inteiro. O que acontece aqui muda o clima do planeta. A música ajudou a tocar o coração de quem ainda não entendeu isso", refletiu o músico.

Ilustrações como registro vivo

Enquanto os debates técnicos ocorriam, o cartunista Rogério Mascarenhas, o Romas, criava um diário visual da cultura e biodiversidade amazônicas. Natural de Parintins e roteirista da Turma da Mônica há 14 anos, ele assumiu a responsabilidade de representar a região norte através de suas ilustrações.

"Foi uma responsabilidade representar o Norte neste espaço. Emprestei minha arte para contar o que estava sendo vivido e aprendi com as histórias de quem vive a floresta todos os dias", compartilhou o artista.

Arte na Carta da Amazônia

As diversas expressões artísticas apresentadas durante o evento contribuíram diretamente para a formulação da Carta da Amazônia, documento apresentado à comunidade internacional durante a COP30. Esta iniciativa conectou histórias, identidades e vozes da floresta ao debate global sobre preservação e sustentabilidade.

A expedição Banzeiro da Esperança, que navegou pelo rio Amazonas com 200 pessoas rumo à COP30 em Belém, simbolizou esta jornada de integração entre arte, cultura e ativismo ambiental, demonstrando que a preservação da Amazônia depende do reconhecimento e valorização de sua diversidade cultural.