Uma aventura sobre rodas marcou a trajetória de dois torcedores brasileiros até a final da Copa Libertadores da América. O programa Profissão Repórter, da TV Globo, mostrou na última terça-feira a história da flamenguista Thuane Farias e do palmeirense Boni Brito. Eles enfrentaram uma jornada de mais de seis mil quilômetros de ônibus para ver a decisão do torneio continental, em uma viagem que representou a primeira saída do país para ambos.
A jornada épica rumo ao Peru
A viagem começou dias antes da grande final. Quatro dias antes do jogo, enquanto o ônibus cruzava o estado de Rondônia, o clima de torcida já tomava conta do veículo. Os passageiros acompanharam, através de celulares conectados ao wi-fi do ônibus, uma rodada decisiva do Campeonato Brasileiro. Naquele momento, o Flamengo dependia de uma combinação de resultados para ser campeão nacional.
Os torcedores viram, em tempo real, o empate do Flamengo com o Atlético Mineiro e a derrota do Palmeiras para o Grêmio. Esse resultado colocou o título brasileiro nas mãos do rubro-negro carioca, antecipando a festa para Thuane e a decepção para Boni, ainda a milhares de quilômetros do destino.
A travessia da fronteira e a subida pela Cordilheira dos Andes trouxeram desafios extras. Thuane relatou os efeitos da altitude, que chegou a cerca de quatro mil metros. “Muita gente enjoada, com dor de cabeça. Pra piorar, o ônibus está sem água”, contou ela, descrevendo o cansaço, o frio e o mal-estar que acometeram o grupo.
A ansiedade e as promessas no dia da final
Ao desembarcar em Lima, a sensação de missão cumprida tomou conta de Boni, que celebrou: “Sensacional. Vou repetir essa viagem com certeza, com futebol ou não. Independente do resultado, já tô muito contente”. No dia do jogo, o palmeirense cumpriu uma promessa pessoal: pintou sua vasta barba de verde. A promessa foi feita caso o Palmeiras se recuperasse da derrota no primeiro jogo da semifinal.
Questionado sobre o motivo de pintar a barba e não o cabelo, Boni foi direto: “É porque não tenho cabelo”. E se o resultado não fosse bom? “Vou andar pela rua com a barba verde”, afirmou, mostrando bom humor e espírito esportivo.
Já na porta do estádio, a ansiedade dominou Thuane. “A mão já tá ficando gelada, calafrio, nervosismo. Eu só quero sair daqui tetra, mas nada importa”, disse a flamenguista, referindo-se ao sonho do tetracampeonato da Libertadores pelo Flamengo.
A conquista e a reflexão após o apito final
O desejo de Thuane se realizou. Em uma cobrança de escanteio, o volante Danilo fez de cabeça o gol que deu o título ao Flamengo. A festa da torcedora foi instantânea e emocionada: “É o dia mais feliz da minha vida!”, comemorou.
Do outro lado, Boni demonstrou resignação e gratidão ao final da partida. “Faz parte, acontece. Eu tô orgulhoso e feliz por ter vivido essa última década que o Palmeiras me proporcionou”, refletiu. O palmeirense lembrou a ótima fase recente do clube, que em dez anos conquistou quatro títulos brasileiros, duas Libertadores e uma Copa do Brasil.
A volta para o Brasil foi feita na mesma linha de ônibus, dando continuidade a uma aventura que ultrapassou as fronteiras do futebol. Os dois torcedores gravaram um vídeo para registrar as impressões sobre o longo caminho de volta, fechando o ciclo de uma experiência inesquecível.