O cenário do futebol carioca está prestes a testemunhar um momento histórico, que vai muito além das quatro linhas. Neste domingo, 7 de dezembro, o atacante Yuri de Carvalho da Silva, do Goytacaz, entra em campo para a decisão do Campeonato Carioca da Série B2 contra o Macaé carregando uma carga incomum: uma tornozeleira eletrônica sob o meião.
Da prisão ao gramado: uma trajetória de superação
A jornada de Yuri até a final é marcada por reviravoltas. Preso em 2018 durante a "Operação Verde Oliva", o jogador foi condenado por envolvimento com o tráfico de drogas quando atuava pelo Campos Atlético. Ele cumpriu sete anos de pena na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro, na região Norte Fluminense.
Somente em maio de 2025, Yuri, agora com 30 anos, obteve a progressão para o regime aberto. Essa conquista judicial foi o passaporte que lhe permitiu retomar a carreira profissional no Goytacaz, clube da cidade de Campos dos Goytacazes, embora permaneça sob monitoramento da Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
A tornozeleira em campo e o aval da Federação
No primeiro jogo da final, realizado no domingo, 30 de novembro e que terminou empatado em 1 a 1, Yuri já atuou com o dispositivo de rastreamento. A cena, inédita no futebol estadual, gerou questionamentos, mas a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) foi taxativa.
A entidade reguladora esclareceu que não existe qualquer impedimento legal ou regulamentar para a atuação do atleta nessas condições. A posição da Ferj reforça um entendimento mais amplo: o esporte como um instrumento fundamental de ressocialização e reintegração social.
O pedido do clube e a expectativa para a decisão
Comprometido com a causa do jogador, a diretoria do Goytacaz não apenas deu a oportunidade a Yuri, defendendo-a como uma ferramenta de reestruturação de vida, como também tomou uma iniciativa jurídica. O clube ingressou com um pedido na Vara de Execução Penal solicitando a retirada temporária da tornozeleira eletrônica durante os jogos.
Entretanto, até o momento, a solicitação não foi atendida, o que significa que Yuri deve entrar em campo no jogo decisão com o equipamento. Caso o Goytacaz, conhecido como Alvianil, vença o confronto no Estádio Aryzão, em Campos dos Goytacazes, o atacante protagonizará uma cena simbólica e sem precedentes: erguer o troféu de campeão carioca da Série B2 sob monitoramento eletrônico do estado.
Mais do que uma partida de futebol, a final deste domingo se transforma em um poderoso capítulo sobre segunda chances, redenção e o papel transformador do esporte na sociedade.
