Abel Ferreira desabafa: 'É difícil explicar às minhas filhas por que o pai é xingado'
Abel Ferreira: 'Difícil explicar insultos às minhas filhas'

Imagine ter que sentar com suas filhas pequenas e explicar por que o pai delas é chamado de tudo, menos de bonzinho. É exatamente essa a situação que Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, enfrenta. E, convenhamos, não deve ser nada fácil.

— É complicado, sabe? — desabafa o português, com aquela mistura de cansaço e resiliência que só quem vive sob pressão entende. — Você sai do campo depois de dar tudo, e aí vem aquela chuva de impropérios. Como explicar isso para crianças?

O preço da paixão

O futebol brasileiro é um caldeirão fervendo. Um espetáculo de emoções, mas também de exageros. Abel, que já conquistou títulos importantes pelo Verdão, sabe bem disso. Mas há linhas que não deveriam ser cruzadas.

— Tem gente que acha que pagar ingresso dá direito a xingar, gritar, esculachar — diz ele, com um misto de ironia e tristeza. — Só que por trás do técnico tem um ser humano. E, pior, uma família que ouve tudo.

O lado humano do jogo

Não é sobre vitórias ou derrotas. É sobre respeito. Sobre lembrar que, mesmo no calor da rivalidade, existem limites. Abel fala disso com a clareza de quem já viu de tudo:

  • Os insultos que ecoam nas arquibancadas
  • As mensagens de ódio que invadem as redes sociais
  • O olhar confuso das filhas ao ver o pai sendo difamado

— Às vezes penso: será que vale a pena? — confessa, num raro momento de vulnerabilidade. — Mas aí lembro da paixão pelo que faço. Só quero que entendam: críticas, tudo bem. Agressões? Jamais.

Um apelo à razão

Abel não pede aplausos. Nem quer ser tratado como herói. O que ele deseja — e isso deveria ser o mínimo — é um pouco mais de humanidade. Algo que, em tempos de polarização, parece cada vez mais raro.

— O futebol é emoção, eu sei. Mas pode ser também educação — arremata, com aquele sotaque carregado que os torcedores já conhecem bem. E faz pensar: será que nós, espectadores, não podemos fazer melhor?