O Fenômeno da 'Adultização': Por Que Conteúdo Infantil Não É Mais Só Para Crianças?
Adultização: adultos consomem conteúdo infantil nas redes

Quem diria, hein? A gente cresceu achando que desenhos animados e músicas de criança ficariam para trás, junto com a infância. Mas eis que surge uma reviravolta dos tempos modernos: os adultos, cada vez mais, estão mergulhando de cabeça em conteúdos que, teoricamente, não foram feitos para eles.

Não é brincadeira. Dá uma olhada no seu feed do TikTok ou do Instagram. Entre os memes e os políticos se estranhando, vai encontrar um monte de gente na casa dos 20, 30, 40 anos cantando ‘Galáxia do Aquaplay’ ou comentando os últimos episódios de desenhos supercoloridos. A pergunta que não quer calar: o que está acontecendo?

Nostalgia ou Fuga? A Psicologia Por Trás do Hábito

Especialistas que fuçam o comportamento humano arriscam alguns palpos. A vida de adulto, convenhamos, é um cansaço só. Conta para pagar, chefe enchendo, trânsito infernal… às vezes, a gente só quer um abraço quentinho do passado. E nada como uma musiquinha ou um desenho simples para dar aquele conforto mental instantâneo.

É uma espécie de válvula de escape. Um momento para desligar o modo ‘sério’ e relembrar um tempo onde a maior preocupação era qual desenho ia passar na TV. A nostalgia, meu caro, é um remédio poderoso contra a ansiedade que assombra nossa geração.

O Algoritmo Entrou na Jogada

Claro, as redes sociais são espertas. Elas perceberam que esse conteúdo tinha engajamento para dar e vender e começaram a empurrá-lo goela abaixo. De repente, seu For You Page virou um festival de cores e lembranças. O algoritmo não perdoa — e se você parou para ver um vídeo, prepare-se para ver mais cem.

Isso criou um ciclo vicioso (ou virtuoso?). Quanto mais os adultos consomem, mais o algoritmo mostra. Quanto mais o algoritmo mostra, mais normalizado fica. E assim, a ‘adultização’ deixou de ser uma curiosidade para virar uma tendência consolidada no mundo digital.

E As Crianças? O Que Elas Acham Disso?

Aqui que a coisa fica engraçada. Em alguns casos, os papéis parecem até se inverter. Tem adulto que sabe mais a letra da música do ‘Trem da Vale’ do que a própria criança. É uma dinâmica nova, onde o conteúdo infantil vira um terreno comum, uma linguagem compartilhada entre gerações dentro de uma mesma casa.

Não é raro ver pais e mães cantarolando as mesmas melodias que os filhos, criando um elo inesperado através dessas produções. Quem precisa de desculpa para ser feliz e um pouco infantil de vez em quando, não é mesmo?

No fim das contas, talvez a gente esteja apenas redescobrindo uma verdade simples: nunca somos velhos demais para um pouco de alegria pura e descomplicada. E num mundo tão cinza, um pouco de cor não faz mal a ninguém.