Pela primeira vez na história da Taça Universitária de São Carlos, mais conhecida como Tusca, os shows contaram com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Esta iniciativa inédita de acessibilidade permitiu que participantes surdos pudessem aproveitar as apresentações de artistas como Detonautas, CPM22, Ana Castela e Seu Jorge durante o evento universitário.
Experiência transformadora para estudantes
O estudante de educação física Ricardo dos Santos Júnior vivenciou pela primeira vez a experiência de curtir um show universitário com acessibilidade completa. Em declaração em libras, o jovem destacou: "Eu sou atleta, vim para festa, queria que tivesse acessibilidade, então participei desse movimento para que tivesse acessibilidade de fato. Não só no evento festivo, mas no esportivo também".
A organização do evento montou um espaço especial em frente ao palco para receber as pessoas com deficiência. De posição privilegiada, o intérprete de libras traduzia integralmente as apresentações musicais, utilizando a modalidade gestual-visual que combina sinais e expressões faciais para transmitir a emoção das canções.
Momento histórico com Seu Jorge
Durante o show de Seu Jorge, a intérprete Naiara Rodrigues, de 35 anos, viveu um momento especialmente emocionante quando o cantor se aproximou e cantou ao lado dela. A tradutora e atriz enfatizou que iniciativas como essa ainda são raras em eventos culturais de grande porte no Brasil.
Naiara foi categórica ao afirmar que "acessibilidade não deve ser vista como bônus, mas como direito". Ela completou: "A gente paga ingresso, está nos eventos, então é nosso direito estar em todos os lugares. Acessibilidade não é algo opcional".
Resultado de anos de luta por inclusão
O ator e intérprete Lucas Araújo, de 24 anos, revelou que a presença da acessibilidade na Tusca 2025 é fruto de um trabalho persistente que durou três anos. Segundo ele, foram necessárias muitas negociações com a organização do evento até que a medida fosse implementada.
Lucas destacou o protagonismo que a Tusca assumiu ao incorporar a acessibilidade no palco principal, mas alertou: "Houve avanços, mas precisamos continuar cobrando para que isso se torne prática em todos os eventos".
A iniciativa marcou um avanço significativo na inclusão de pessoas com deficiência auditiva em eventos culturais de grande porte na região de São Carlos, estabelecendo um precedente importante para futuras edições do festival e outros eventos similares.
