A cultura popular acreana está de luto. Nathy Lima, uma das principais referências das festas juninas no estado, faleceu na última segunda-feira, 1º de abril, em Rio Branco. A causa da morte foram complicações decorrentes de dengue hemorrágica.
Uma vida dedicada à dança e à representatividade
Nathy era integrante do tradicional grupo de Quadrilha Junina Pega-Pega, onde desempenhava um papel central: o de marcadora. Essa função é crucial nas apresentações, sendo responsável por comandar os passos e garantir a sincronia da dança. Sua atuação era reconhecida por colegas e pelo público, deixando uma marca indelével nas coreografias do grupo.
Além da dedicação às festas populares, Nathy se destacava pelo forte envolvimento com a comunidade quadrilheira e pela defesa da representatividade nos espaços culturais. Em março deste ano, ela conquistou o título de rainha trans no Carnaval da Família, usando a visibilidade para dar voz a sua comunidade.
Notas de pesar e reconhecimento do legado
A morte da artista mobilizou colegas, quadrilheiros e instituições culturais do Acre. O grupo Pega-Pega publicou uma nota de pesar, ressaltando o impacto profundo que Nathy teve em sua história. "Que sua memória continue viva em cada passo de dança e em cada festa junina que realizarmos. Ela sempre será parte de nossa história", destacou a mensagem.
A Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) também emitiu uma nota oficial lamentando a perda. A instituição descreveu Nathy como uma "grande referência da cultura junina no Acre" e uma "artista dedicada" que deixou sua marca na defesa, valorização e alegria dos arraiais acreanos.
Um símbolo de resistência e alegria
Em sua fala ao ser coroada rainha trans, Nathy havia expressado o desejo de ser um símbolo que fosse além da beleza ou do samba no pé. "A rainha trans que eu represento são todas as trans que no dia a dia sofrem dificuldades e vários problemas sociais. Queremos mostrar que existimos e resistimos", declarou na ocasião.
Sua morte interrompeu precocemente uma trajetória de luta e celebração, deixando um vazio no cenário cultural do estado. Nathy Lima será lembrada não apenas pelos seus passos precisos na quadrilha, mas pela coragem e pela luz que levou para os palcos e para a comunidade LGBTQIAP+.