O Dicionário de Cambridge anunciou sua escolha para a palavra do ano de 2025, e o termo 'parassocial' surge como um reflexo preciso das dinâmicas de conexão que marcam nossa era digital. A eleição aconteceu no dia 28 de novembro de 2025, consolidando uma tendência que especialistas observam há anos.
O que significa parassocial?
O conceito de parassocial descreve aquelas relações emocionais unilaterais que desenvolvemos com figuras públicas, personagens fictícios ou até mesmo inteligências artificiais. Trata-se de uma conexão onde apenas uma das partes está verdadeiramente envolvida emocionalmente.
Você já se pegou defendendo um influenciador digital como se fosse um amigo próximo? Ou sentiu que conhece profundamente um personagem de série? Esses são exemplos clássicos de relações parassociais em ação.
Como essa realidade se manifesta no cotidiano?
As expressões desse fenômeno estão por toda parte nas redes sociais e no consumo de conteúdo digital. Frases como 'ele nunca faria isso' sobre um artista que nunca nos conheceu, ou a defesa ferrenha de criadores de conteúdo que nem sabem de nossa existência ilustram perfeitamente essa dinâmica.
O termo tem origem no grego, combinando 'para' (que significa ao lado de) com 'social'. Literalmente, representa uma relação que está ao lado do social, mas não chega a ser plenamente social por sua natureza unilateral.
Por que essa palavra foi escolhida para 2025?
A trajetória das palavras do ano revela uma evolução preocupante. Em 2022, foi eleito 'gaslighting', seguido por 'hallucinate' em 2023 - uma referência direta aos fenômenos da inteligência artificial generativa. Já em 2024, 'brain rot' descreveu o excesso de consumo de conteúdo superficial.
A escolha de parassocial para 2025 representa a culminação dessas tendências, capturando a essência de como nos relacionamos em ambientes digitais. Especialistas apontam que o fenômeno não é novo, mas se intensificou dramaticamente com o avanço das redes sociais, serviços de streaming e, mais recentemente, com assistentes de IA que simulam conversas naturais.
Noslen Borges, professor e colunista, destaca que essa realidade nos convida a uma reflexão importante sobre o equilíbrio entre nossas conexões digitais e relações presenciais. Quem são suas figuras parassociais atualmente? questiona o especialista, alertando para o risco de negligenciarmos interações sociais genuínas em favor de conexões virtuais unilaterais.
O fenômeno parassocial nos oferece um espelho sobre como estamos navegando neste mundo hiperconectado, onde a linha entre conexão real e ilusória se torna cada vez mais tênue.