A comunidade de Juiz de Fora está de luto nesta quinta-feira (31) com a partida de Adenilde Petrina, uma das vozes mais significativas do movimento negro na Zona da Mata mineira. Aos 79 anos, ela deixa um legado que transcende as salas de aula e as ondas do rádio, ecoando como símbolo de resistência e transformação social.
Uma vida dedicada à educação e ao ativismo
Nascida em 31 de dezembro de 1945, Adenilde construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com a educação e a valorização da cultura afro-brasileira. Por décadas, ela atuou como professora na rede municipal de ensino, formando gerações de estudantes com uma pedagogia antirracista que antecedeu as discussões contemporâneas sobre o tema.
Sua atuação não se limitou às quatro paredes da escola. Como radialista, ela comandou programas que se tornaram referência na discussão sobre igualdade racial, usando as ondas da Rádio Sociedade como instrumento de conscientização e empoderamento da população negra.
Pioneirismo e reconhecimento
Adenilde Petrina foi uma das fundadoras do Centro de Cultura Negra Navarro de Cruz, espaço que se tornou fundamental para a organização do movimento negro na região durante os anos 1980. Sua luta incansável pelos direitos civis e pela visibilidade da cultura afro-brasileira rendeu-lhe o reconhecimento como personalidade imprescscindível na história recente de Juiz de Fora.
"Era uma mulher à frente do seu tempo, que entendia a educação como ferramenta de libertação", define uma de suas ex-alunas, hoje também educadora.
O adeus e o legado
O sepultamento aconteceu no Cemitério Municipal, cercado por familiares, amigos, ex-alunos e admiradores que vieram prestar suas homenagens. A cerimônia foi marcada por emocionantes depoimentos que destacaram não apenas sua trajetória profissional, mas principalmente seu caráter humanista e sua capacidade de inspirar mudanças.
O que fica é a memória de uma guerreira que dedicou sua existência à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Adenilde Petrina demostrou, através de seu exemplo, que a verdadeira transformação social começa na educação e se fortalece através da representatividade.
Seu legado permanece vivo nas inúmeras vidas que tocou, nas políticas públicas que ajudou a influenciar e na consciência racial que ajudou a despertar em toda uma região. Juiz de Fora perde uma de suas maiores educadoras, mas ganha a eternidade de seus ensinamentos.