Beijo histórico em 'Três Graças' quebra paradigmas na TV brasileira
Beijo quebra paradigmas em 'Três Graças' e faz história

A trama da novela Três Graças, escrita por Aguinaldo Silva e exibida pela TV Globo, registrou um momento histórico e delicado na tarde desta segunda-feira, 2 de dezembro de 2025. Sem alarde ou sensacionalismo, a produção apresentou uma cena de beijo entre os personagens Leonardo (Pedro Novaes) e a farmacêutica Viviane (Gabriela Loran), que é uma mulher transexual.

Um momento de conflito e emoção

A cena, que foi muito bem dirigida segundo a crítica especializada, mostra um Leonardo confuso e em crise. O personagem, que recentemente descobriu que Viviane é transexual, vai até a farmácia onde ela trabalha. Em um surto de descontrole emocional, ele a beija de forma inesperada e impulsiva.

O momento, longe de ser romantizado, é carregado de conflito. Imediatamente após o beijo, Leonardo se arrepende, profere impropérios e vai embora do local, deixando Viviane em um estado de perturbação. A sequência captura a complexidade das emoções humanas, fugindo de clichês e abordando um tema sensível com maturidade.

Uma narrativa que cresce sem panfletar

O grande mérito da cena, conforme destacado, é a sua naturalidade e ausência de tom panfletário. A novela consegue desenvolver essa relação complexa sem assustar o público mais conservador, mas também sem deixar de abordar a realidade e os dilemas enfrentados por pessoas trans e por aqueles que se relacionam com elas.

A atuação de Pedro Novaes e Gabriela Loran foi fundamental para dar credibilidade ao momento. Eles transmitiram a confusão, a atração, o arrependimento e a vulnerabilidade de seus personagens de forma convincente, elevando o nível dramático da trama das 18h.

Um marco na representatividade

Este beijo em Três Graças é considerado por muitos um marco na história da televisão brasileira. Ele representa um passo importante na forma como as relações envolvendo personagens transgêneros são retratadas no horário nobre, tratando-as com a nuance e a profundidade que merecem, integradas à trama principal e não como um elemento isolado ou didático.

A cena prova que é possível quebrar paradigmas e fazer história na teledramaturgia através da sutileza e da qualidade narrativa, focando no humano e no emocional acima de qualquer bandeira. A novela de Aguinaldo Silva demonstra, assim, um crescimento temático significativo, abrindo portas para discussões mais profundas e representações mais fiéis da diversidade da sociedade.