Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra na ABL aos 54 anos
Ana Maria Gonçalves: primeira mulher negra na ABL

A escritora Ana Maria Gonçalves fez história nesta sexta-feira, 7 de novembro de 2025, ao se tornar a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. A solenidade de posse aconteceu no Petit Trianon, sede da ABL, marcando um momento histórico para a literatura e a diversidade brasileira.

Uma posse marcada por simbolismo

Aos 54 anos - completará 55 seis dias após a posse - Ana Maria Gonçalves se tornou a acadêmica mais jovem eleita para a instituição. Ela assumiu a cadeira de número 33, sucedendo Evanildo Bechara, falecido em maio deste ano. A eleição foi praticamente unânime, com 30 dos 31 votos possíveis.

Em seu discurso emocionado, a nova imortal destacou: "Ao mesmo tempo que é motivo de comemoração é motivo para pensar por que só agora. Por que demorou 128 anos para que uma mulher negra ocupasse este espaço? Espero abrir portas para que não seja a única".

Presenças ilustres e homenagens especiais

A cerimônia contou com presenças importantes do mundo artístico e cultural, incluindo Lázaro Ramos, Humberto Carrão, Antônio Pitanga e Conceição Evaristo. Ana Maria Gonçalves foi recebida pela acadêmica Lilia Schwarcz e recebeu o colar de Ana Maria Machado e o diploma das mãos de Gilberto Gil.

Um detalhe que chamou atenção foi seu fardão, confeccionado pela Portela, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. Ela explicou a escolha: "O processo de fazer o fardão é caro e levar para a Portela foi muito importante. A Portela tirou o livro da bolha e levou para onde só a literatura não chegaria".

Celebração com sabor africano

Após a cerimônia formal, foi servido um jantar para 300 pessoas no pátio externo da ABL, com cardápio inspirado na culinária africana. A festa continuou com a chegada de um grupo musical que percorreu algumas ruas do centro da cidade cantando, criando uma atmosfera de celebração comunitária.

Ana Maria Gonçalves é a 13ª mulher eleita para a ABL e a sexta entre as atuais acadêmicas. Sua posse representa não apenas um marco pessoal, mas um avanço significativo na representatividade dentro das instituições culturais brasileiras.