O Metropolitan Museum of Art de Nova York está prestes a reescrever a história do reconhecimento da moda no mundo das artes. Em um movimento histórico, o museu anunciou a criação de galerias permanentes dedicadas exclusivamente à moda, elevando definitivamente o vestuário ao status de grande arte.
Das profundezas para o centro do museu
O anúncio feito nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025, revela que as novas Galerias Condé M. Nast serão inauguradas em 2026, representando um espaço permanente de mais de mil metros quadrados para exibição do acervo fashion do Costume Institute. Esta mudança significa que a coleção de moda finalmente deixa o "porão" do museu para ocupar um lugar de destaque, localizado estrategicamente ao lado do Grande Salão principal.
Para marcar este momento transformador, o curador Andrew Bolton concebeu a exposição "Costume Art", que funcionará como um verdadeiro manifesto sobre a roupa como expressão artística. A mostra inaugural já nasce com uma proposta ousada: demonstrar que, em todo o Metropolitan Museum, o corpo vestido sempre esteve presente, mesmo quando não era explicitamente reconhecido como tal.
Uma visão ampliada sobre o corpo e a moda
A exposição "Costume Art" promete revolucionar a forma como entendemos a relação entre vestuário e arte. Com curadoria inteligente, a mostra organiza as obras por "tipos de corpo", dividindo-se em três eixos principais:
- Os corpos clássicos e onipresentes na história da arte tradicional
- Os corpos negligenciados, incluindo figuras envelhecidas e gestantes
- Os corpos universais, como as representações anatômicas
Esta abordagem oferece uma perspectiva mais inclusiva e realista do que normalmente vemos na indústria da moda convencional. A exposição estará em cartaz de 10 de maio de 2026 a 10 de janeiro de 2027, seguindo a temporada do Met Gala.
Experiência imersiva e reflexiva
Um dos elementos mais inovadores da exposição é a forma como lida com a experiência do visitante. Os manequins serão posicionados em pedestais altos, equipados com cabeças espelhadas criadas pela artista Samar Hejazi. Esta solução genial permite que, ao observar as roupas em exposição, cada pessoa veja seu próprio reflexo, criando uma conexão imediata entre o espectador e a obra.
O gesto simbólico de não incluir subtítulos na exposição, conforme explicado por Bolton, representa a libertação da moda da necessidade de justificativas. A mostra conta com o apoio de Jeff e Lauren Sánchez Bezos, Saint Laurent e Condé Nast, reforçando a importância deste marco cultural.
Entre as peças históricas que farão parte do acerto está a musselina "Bustle" de Charles James, datada de 1947, proveniente da Coleção de Trajes do Museu do Brooklyn no Museu Metropolitano de Arte. A exposição reunirá obras que abrangem cinco mil anos de história, desde pinturas e esculturas até peças contemporâneas, todas convergindo para a mesma mensagem poderosa: a moda finalmente assume seu lugar legítimo entre as grandes formas de expressão artística da humanidade.
