Morre aos 73 anos Martin Parr, fotógrafo britânico famoso por retratos do cotidiano
Fotógrafo Martin Parr morre aos 73 anos em Bristol

O mundo da fotografia perdeu um de seus nomes mais icônicos e irreverentes. Martin Parr, o fotógrafo britânico celebrado por suas imagens satíricas e coloridas do cotidiano, faleceu no último sábado, dia 6 de dezembro de 2025, aos 73 anos. A informação foi confirmada neste domingo (7) pela fundação que leva seu nome e pela agência Magnum Photos, para a qual ele trabalhou por décadas.

Uma carreira marcada por cores e crítica social

Nascido em Surrey, no Reino Unido, em 23 de maio de 1952, Martin Parr foi introduzido à fotografia por seu avô. Ele construiu uma carreira singular, desenvolvendo uma estética imediatamente reconhecível: primeiros planos, cores intensamente saturadas e o uso característico do flash, mesmo em ambientes externos. Seu trabalho, de caráter quase documental, frequentemente explorava temas como o turismo de massa, o consumismo e os hábitos da classe média, rendendo-lhe tanto admiradores quanto detratores. Alguns críticos classificavam seu estilo como "kitsch", mas era justamente essa abordagem que capturava a essência de suas críticas sociais.

O grande salto em sua carreira veio em meados dos anos 1980 com a série "Last Resort", que focava nos turistas em Brighton. Essas imagens não só o projetaram para o grande público, como também definiram o rumo de seu trabalho futuro. Apesar de enfrentar obstáculos e até a rejeição inicial de lendas como Henri Cartier-Bresson, Parr se tornou membro da prestigiada agência Magnum Photos em 1994, chegando a dirigir a instituição entre 2013 e 2017.

Conexão com o Brasil e a rejeição a rótulos

Martin Parr tinha uma relação especial com o Brasil, onde realizou sua primeira exposição individual em 2015, na Galeria Lume, em São Paulo. Na ocasião, em entrevista ao g1, o fotógrafo demonstrou sua habitual modéstia e recusou o título de "herói" da fotografia, que havia sido usado na curadoria da mostra. "Vi a comparação quando cheguei à galeria hoje cedo. Achei ótimo, mas foi um exagero", declarou na época, mostrando que, por trás da lente crítica, havia um profissional que não levava a si próprio demasiado a sério.

O legado de um olhar único

A morte de Martin Parr, ocorrida em sua casa em Bristol, encerra a trajetória de um artista que conseguiu transcender o nicho dos especialistas em fotografia. Seu trabalho alcançou um público amplo, tornando-se parte da cultura visual contemporânea. Ele deixa para trás um vasto arquivo que funciona como um espelho divertido, ácido e, por vezes, desconfortável da sociedade de consumo e dos rituais sociais modernos.

O anúncio do falecimento foi feito de forma conjunta pela Fundação Martin Parr e pela Magnum Photos, selando a notícia com grande tristeza para a comunidade artística internacional. Seu legado permanece vivo em seus livros, exposições e no olhar inconfundível que eternizou cenas comuns com uma profundidade extraordinária.