A psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento em saúde mental e desafiou os conceitos tradicionais de loucura será homenageada em Fortaleza com uma exposição imersiva. "Nise da Silveira - A Revolução pelo Afeto" será inaugurada no dia 25 de novembro na Caixa Cultural da Praia de Iracema e permanecerá aberta ao público até 1º de março de 2026.
Uma jornada pela revolução afetiva
A curadora Isabel Seixas revela que a mostra reúne 157 obras de 11 artistas, incluindo pinturas, desenhos, fotografias, gravuras e esculturas, além de publicações e documentos históricos do Museu de Imagens do Inconsciente do Rio de Janeiro. A abertura oficial acontece às 19h do dia 25 de novembro e contará com visita guiada pela curadora e pelo consultor Eurípedes Junior, que trabalhou diretamente com Nise da Silveira.
Nise da Silveira, que completaria 120 anos em 2025, ficou conhecida por seu trabalho pioneiro de terapia através da arte com pacientes do Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. A psiquiatra alagoana se destacou por rejeitar métodos agressivos como eletrochoque, camisas de força e lobotomia, substituindo-os por abordagens humanizadas baseadas na criação artística.
Três capítulos de uma revolução
A exposição está organizada em três seções que exploram profundamente a vida e o legado da psiquiatra:
"Contexto, Dor e Afeto" apresenta as origens da abordagem terapêutica de Nise e o contexto dos tratamentos psiquiátricos de sua época.
"Nise - Ser Mulher, Ser Revolucionária" destaca a psiquiatra como figura inspiradora e detalha sua metodologia de tratamento com arte.
"O Atelier" simula o ambiente de trabalho de Nise, reunindo obras de seus clientes - como ela preferia chamar os pacientes - e revelando como o afeto se transformou em metodologia científica para reabilitação.
Entre os documentos históricos em exibição, estão cartas trocadas entre Nise e Carl G. Jung, mostrando a profundidade de suas pesquisas e conexões internacionais.
Do Rio para o Nordeste: uma exposição itinerante
A ideia da exposição surgiu por volta de 2020, quando o estúdio de criação onde Isabel Seixas trabalha buscava destacar personagens femininas inspiradoras. "Depois que você tem contato com a vida, com o legado dela, é difícil não se apaixonar", comenta a curadora.
Após passar por cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, a mostra chega agora a Fortaleza, primeira capital nordestina a receber o projeto. A vinda para a cidade cearense aconteceu após insistência dos organizadores locais.
Segundo Isabel Seixas, a exposição segue o conceito de exposição narrativa, contando uma história através do espaço tipográfico. "Nossa proposta era questionar essa ideia de loucura, como temos ao longo do tempo variações do entendimento do que é ser louco e percepções sociais sobre isso", explica.
Oficinas complementam a experiência
Além da visitação regular, profissionais da área de saúde mental poderão participar de duas oficinas ministradas pelo museólogo Eurípedes Junior na quarta-feira, 26 de novembro:
"Nise, uma psiquiatra rebelde" (10h às 12h30) apresentará um panorama geral do legado da psiquiatra, abordando a construção e desenvolvimento de suas ideias.
"Conhecendo o mundo interior" (19h às 21h30) propõe uma investigação sobre o mundo das imagens e do inconsciente, mostrando como as pesquisas de Nise iluminam a compreensão do funcionamento da mente.
As inscrições para as oficinas são gratuitas e devem ser realizadas através de formulários disponíveis no site da Caixa Cultural.
A exposição "Nise da Silveira - A Revolução pelo Afeto" funcioná de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 10h às 19h, com entrada gratuita para todos os públicos.