Não foi uma comoção programada, muito menos combinada. Mas de repente — como acontece com as coisas genuínas — as redes sociais simplesmente explodiram de afeto. Luis Fernando Verissimo, esse gigante das letras que há décadas nos faz rir e pensar simultaneamente, completou 87 anos e o Brasil inteiro pareceu lembrar disso ao mesmo tempo.
Artistas, jornalistas, colegas escritores e — claro — milhares de leitores comuns. Gente que cresceu lendo suas crônicas nos jornais de domingo, que se identificou com seu humor ácido e inteligente, que se viu nas entrelinhas de suas observações perfeitas sobre a vida brasileira.
O carinho que virou tsunami digital
O que começou com algumas postagens isoladas rapidamente se transformou numa corrente impossível de ignorar. Twitter, Instagram, Facebook — todas as plataformas foram tomadas por memórias afetivas, trechos de crônicas favoritas e testemunhos pessoais sobre como Verissimo marcou suas vidas.
E não eram apenas elogios genéricos, sabe? Pessoas compartilhavam histórias específicas — aquela crônica que leu no jornal durante um café da manhã familiar, o livro emprestado que nunca foi devolvido, a piada interna que só faz sentido para quem leu determinado texto. Coisas pequenas, mas cheias de significado.
Um talento que atravessa gerações
O mais impressionante — e talvez isso explique a força dessa homenagem espontânea — é como Verissimo consegue dialogar com tantas gerações diferentes. Avós que guardam colunas amareladas de jornal, pais que têm suas edições dos livros da década de 80, jovens que descobriram suas tiradas através das redes sociais.
Num país tão fragmentado, encontrar algo que una tantas pessoas é raro. Mas o humor inteligente, a crítica social afiada e a humanidade transbordante do Verissimo conseguiram essa proeza.
E as homenagens não vieram apenas de fãs. Figuras públicas de peso — como a cantora Maria Bethânia — se juntaram ao coro de admiração. Bethânia, aliás, fez questão de postar uma foto especial com o escritor, celebrando não apenas seu aniversário, mas décadas de amizade e admiração mútua.
Mais que humor, um retrato do Brasil
Quem conhece a obra de Verissimo sabe: não se trata apenas de fazer rir. Suas crônicas são — e sempre foram — um retrato precisíssimo do Brasil e dos brasileiros. Com toda nossa complexidade, nossos contradições, nossa capacidade de rir mesmo nas situações mais difíceis.
Ele consegue falar sobre política, futebol, relações familiares, burocracia, amor e morte com a mesma maestria. Sempre com aquela dose perfeita de ironia e ternura que é sua marca registrada.
Nesse momento tão… bem, brasileiro que estamos vivendo, talvez faça ainda mais sentido celebrar quem nos ajuda a entender — e suportar — essa nossa realidade peculiar através do humor.
Verissimo não é apenas um escritor. É quase uma instituição nacional. Algo como um tesouro vivo que a gente às vezes esquece que tem, mas que quando lembra, sente um orgulho enorme.
E essa explosão espontânea de carinho nas redes mostrou exatamente isso: que apesar de todas as divisões, discordâncias e dificuldades, ainda sabemos reconhecer e valorizar nossos grandes talentos. Ainda sabemos agradecer quem nos faz bem.
Feliz 87, mestre. O Brasil — todo ele — está de parabéns por ter você.
