O ator Rodrigo Santoro, de 49 anos, vive um de seus papéis mais desafiadores na nova produção da Netflix que estreia nesta quarta-feira, 19. Em O Filho de Mil Homens, adaptação do romance do português Valter Hugo Mãe, Santoro interpreta Crisóstomo, um pescador solitário que decide reconstruir sua vida aos quarenta anos.
Da literatura para as telas
Em entrevista exclusiva ao programa semanal da coluna GENTE, disponível no canal da VEJA no YouTube, streaming VEJA+, TV Samsung Plus e versão podcast no Spotify, Santoro detalhou os desafios de transpor o personagem do livro para o cinema. Essa história é toda linda, cheia de encontros surpreendentes, revelou o ator, comparando a experiência com outros trabalhos baseados em livros como O Bicho de Sete Cabeças, Carandiru e Abril Despedaçado.
O ator explicou que desta vez enfrentou um desafio diferente: humanizar um personagem quase fabular. Crisóstomo existia na literatura, mas precisei fazer com que ele existisse no cinema. Ele vai aprender a se relacionar, é daí que ele sai da caverna, contou Santoro sobre a jornada do personagem.
Uma experiência meditativa
Santoro descreveu o processo de interpretação como uma experiência meditativa. Tive que fazer um mergulho interior profundo porque era um personagem introspectivo, revelou. Diferente do livro, onde Crisóstomo é mais verborrágico, a versão cinematográfica mostra um homem que não pratica a fala e não está acostumado a conversar com as pessoas.
O ator destacou a inocência do personagem e o exercício de presença que precisou desenvolver para compor Crisóstomo de maneira autêntica. A opção por poucas falas tornou o trabalho ainda mais desafiador, exigindo que as emoções fossem transmitidas através de expressões e gestos sutis.
Conexão com a natureza
Uma das escolhas mais significativas para a construção do personagem foi trabalhar descalço durante todas as gravações. Trabalhei descalço o filme inteiro, foi uma escolha também, contou Santoro. As filmagens ocorreram numa praia de Búzios, onde o ator pôde sentir diretamente os elementos naturais que cercavam seu personagem.
Lembro de uma das frases que era: talvez por loucura ou por ingenuidade, ele falava baixinho com a areia, recordou o ator. Essa conexão física com o ambiente ajudou na imersão no papel. Não tinha celular, andava descalço para cima ou para baixo, completou, descrevendo a experiência como uma reconexão com sua criança interior.
Santoro enfatizou que essa abordagem representou um resgate saudável e amoroso, cheio de afeto. O ator sentia o vento, o cheiro de madeira queimada do fogão e mantinha o foco completamente no que estava à sua volta, criando uma sintonia única com o personagem e seu universo.
A narrativa acompanha Crisóstomo em sua busca por significado. Em Camilo, um jovem órfão, ele encontra o filho que sempre desejou. Já em Isaura, uma mulher rejeitada por não ser virgem, descobre a chance de transcender e ser mais do que completo.
O programa semanal da coluna GENTE vai ao ar toda segunda-feira, oferecendo aos espectadores insights exclusivos sobre as personalidades mais influentes do entretenimento, artes e negócios.