Em um movimento que promete reconfigurar o cenário do entretenimento global, a Netflix anunciou a aquisição dos estúdios de cinema e TV e da divisão de streaming da Warner Bros Discovery. O valor do negócio, fechado na sexta-feira (5), é de aproximadamente US$ 82,7 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 437,86 bilhões na cotação atual.
Garantia para o mercado cinematográfico
Imediatamente após o anúncio, Ted Sarandos, CEO da gigante do streaming, buscou acalmar os ânimos do setor de exibição. Em declarações à imprensa e a investidores, reproduzidas pela revista Variety, Sarandos garantiu que a Netflix manterá o cronograma de lançamentos cinematográficos da Warner Bros caso a aquisição seja concluída.
O objetivo da declaração foi dissipar os temores de que a operação significasse o fim da presença dos filmes da Warner nas salas de cinema. "Não é como se tivéssemos alguma oposição a lançar filmes nos cinemas", afirmou o executivo.
Evolução nas janelas de exclusividade
Sarandos explicou que sua resistência histórica sempre esteve focada nas longas janelas de exclusividade dos filmes nos cinemas, que ele não considera "muito favoráveis ao consumidor". No entanto, ele deixou claro que a intenção é manter a HBO e seus acordos operando basicamente como são hoje.
"Isso também inclui o acordo de distribuição de filmes com a Warner Bros., que prevê um ciclo de vida que começa no cinema - algo que vamos continuar a apoiar", afirmou o CEO.
Segundo ele, não haverá uma mudança radical na abordagem, mas sim uma evolução no tempo que as obras ficam em cartaz exclusivamente nos cinemas. "Acho que, com o tempo, as janelas vão evoluir para serem muito mais amigáveis ao consumidor, permitindo que o público tenha acesso aos filmes mais rapidamente", projetou Sarandos.
O que muda e o que permanece
O CEO foi enfático ao afirmar que todos os filmes já planejados para ir aos cinemas pela Warner Bros. continuarão com seus lançamentos previstos. Já os filmes originais da Netflix seguirão o padrão atual: a maioria é lançada diretamente na plataforma, enquanto alguns títulos, especialmente aqueles cotados para premiações, têm uma curta passagem pelas salas antes de chegarem ao streaming.
"Mas nosso objetivo principal é levar filmes inéditos aos nossos assinantes, porque é isso que eles querem", reforçou Sarandos.
Em comunicado oficial divulgado junto com o anúncio da aquisição, a Netflix afirmou que "espera manter as operações atuais da Warner Bros. e ampliar seus pontos fortes, incluindo os lançamentos cinematográficos de filmes".
Preocupação entre os exibidores
Apesar das garantias, a Variety reporta que há um temor considerável entre os donos de salas de cinema. O receio se deve ao histórico da Netflix, que tradicionalmente trata o setor com certo desdém.
Em evento da revista Time no ano passado, o próprio Sarandos chegou a afirmar que as salas de cinema estariam ultrapassadas. "Se você tem a sorte de morar em Manhattan e pode caminhar até um multiplex para ver um filme, isso é fantástico. A maior parte do país não pode", declarou na ocasião.
O conglomerado da Warner Bros Discovery, formado por uma série de fusões nos últimos anos, inclui, além da Discovery, os negócios da HBO, como o serviço de streaming HBO Max. A conclusão desta aquisição pela Netflix promete criar uma das maiores forças de conteúdo e distribuição do mundo, com um impacto profundo na indústria do entretenimento.