James Cameron critica aquisição da Warner Bros. pela Netflix: 'Um desastre'
Cameron: Netflix comprar Warner seria um desastre

O renomado cineasta James Cameron, responsável por blockbusters como 'Titanic' e 'Avatar', posicionou-se de forma veemente contra a aquisição da Warner Bros. Discovery pela gigante do streaming Netflix. Em declarações fortes, o diretor classificou a possível fusão como um "desastre" para a indústria cinematográfica.

Críticas ao modelo da Netflix e defesa do cinema

Em entrevista concedida ao jornalista Matt Belloni para o blog World of Reel, e publicada antes da confirmação do negócio, Cameron foi direto ao ponto. Ele revelou que, em sua opinião, a Paramount seria uma escolha melhor para comprar a Warner Bros. Discovery do que a Netflix.

O diretor fundamentou sua crítica citando declarações públicas do CEO da Netflix, Ted Sarandos. "Ted Sarandos já declarou publicamente que os filmes exibidos nos cinemas estão mortos. 'Os cinemas estão mortos'. Palavras dele", afirmou Cameron, demonstrando sua discordância com essa visão.

Um dos pontos centrais de sua argumentação é a forma como a Netflix trata os lançamentos cinematográficos, muitas vezes com estreias limitadas em salas de cinema visando principalmente a elegibilidade para o Oscar. Para Cameron, essa prática não é legítima.

"Um filme deve ser feito como um filme para o cinema, e o Oscar não significa nada para mim se não significar cinema", declarou. Ele foi além, chamando lançamentos curtos de uma semana ou dez dias de "isca para trouxas".

O cineasta defendeu que, para competir no Oscar, uma plataforma deveria fazer um lançamento significativo: "Eles deveriam ter permissão para competir [no Oscar] se lançarem o filme em 2.000 cinemas durante um mês, em uma distribuição significativa".

Os detalhes do leilão bilionário

O processo de aquisição, que se concretizou na quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, foi disputado. Além da Netflix, empresas como Comcast e a aliança Paramount Skydance participaram do leilão. Segundo as informações, a Paramount foi a única interessada em adquirir todo o portfólio da WBD, mas não saiu vitoriosa.

A Netflix saiu como vencedora e agora entra em negociações exclusivas com a Warner Bros. Discovery, liderada por David Zaslav. O acordo, no entanto, ainda precisa da aprovação de autoridades federais para ser finalizado.

Os números envolvidos são astronômicos:

  • O valor oferecido pela Netflix foi de US$ 27,75 por ação do conglomerado.
  • O valor total do negócio está estimado em US$ 72 bilhões.
  • A Warner Bros. Discovery tem um valor de mercado aproximado de US$ 82,7 bilhões.
  • A Netflix ainda assumiu o risco de uma multa de US$ 5 bilhões caso o acordo não seja concluído conforme o planejado.

O que a Netflix ganha com o negócio?

A aquisição representa uma mudança de patamar para a Netflix no mercado de entretenimento. A plataforma terá acesso a um vasto e consolidado catálogo de propriedades intelectuais, incluindo franquias bilionárias.

Entre os tesouros que passariam para as mãos da Netflix estão:

  • Todo o universo DC (Superman, Batman, Mulher-Maravilha).
  • A saga 'Harry Potter'.
  • Os personagens clássicos da Hanna-Barbera.

Esse controle permitiria à empresa explorar novas frentes de merchandising e licenciamento, além de, obviamente, produzir séries e filmes exclusivos baseados nessas IPs. Ainda não está claro, porém, como a negociação afetará os futuros lançamentos cinematográficos dos estúdios da Warner.

A polêmica levantada por James Cameron reflete um debate mais amplo na indústria: o conflito entre o modelo tradicional de lançamento nos cinemas e o crescimento dominante dos streamings. Enquanto a Netflix avança com um dos maiores negócios do entretenimento, vozes influentes como a de Cameron alertam para o que consideram uma desvalorização da experiência cinematográfica.