Wicked: Parte 2 estreia com 4h58min e metáforas políticas atuais
Wicked: Parte 2 estreia com análise política

O aguardado filme Wicked: Parte 2 estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros, completando a adaptação cinematográfica do musical da Broadway. A produção divide a história das bruxas de Oz em dois longas-metragens que, juntos, somam impressionantes quatro horas e 58 minutos de duração.

Duas bruxas, dois filmes

O diretor Jon M. Chu optou por uma abordagem diferente da montagem teatral original, dedicando um filme para cada protagonista. Enquanto a primeira parte focou em Elphaba, a Bruxa Má do Oeste interpretada por Cynthia Erivo, esta sequência dá destaque à personagem de Glinda, vivida por Ariana Grande.

A narrativa retoma exatamente onde parou, com as duas amigas descobrindo que o Mágico de Oz, interpretado por Jeff Goldblum, é uma fraude. Diante dessa revelação, elas tomam caminhos radicalmente diferentes que refletem suas personalidades e valores.

Metáforas políticas contemporâneas

O filme constrói alegorias explícitas sobre nosso tempo, expandindo-se além do entretenimento para comentários sociais relevantes. A figura do Mágico remete claramente a políticos populistas como Donald Trump, que usam truques simples para desviar atenções enquanto concentram poder.

Elphaba, enfrentando o racismo por sua pele verde desde criança, escolhe viver às margens de Oz usando seus poderes para ajudar os oprimidos - os animais falantes e os munchkins que sofrem com planos fascistas do governo. Glinda, seduzida pela fama, prefere trabalhar dentro do sistema para promover mudanças graduais.

Essa dicotomia representa duas formas de poder: Elphaba personifica o hard power (poder militar) enquanto Glinda representa o soft power (poder da influência cultural).

Atualizações que fortalecem a narrativa

A escolha de Cynthia Erivo para Elphaba tornou mais evidente a questão racial na trama, enquanto as atrizes incorporaram uma luz gay na relação entre as personagens, atualizando a fábula para os tempos atuais.

Ariana Grande surpreende com seu timing cômico como Glinda, embora a personagem de Elphaba, mais complexa e nuançada, mantenha maior interesse dramático. Isso faz com que a sequência, embora boa, não alcance o mesmo impacto do primeiro filme.

As cenas de deportação dos animais falantes ecoam políticas migratórias contemporâneas, sublinhando a ambição política do musical. A trilha sonora pop e as cores saturadas emolduram uma história simples sobre fascismo e coragem.

O final não oferece um desfecho feliz convencional: ambas as protagonistas precisam fazer escolhas difíceis que raramente são impostas a personagens masculinos. Elphaba abandona planos de carreira por paz, enquanto Glinda aceita a solidão do poder.