Vilão de 'Três Graças' ironiza 'cidadão de bem' e gera polêmica política
Vilão de novela ironiza 'cidadão de bem' e gera polêmica

Uma cena exibida na novela Três Graças na noite de segunda-feira, 24 de novembro de 2025, gerou intensa repercussão nas redes sociais ao fazer uma aparente crítica política ao utilizar a expressão "cidadão de bem" em contexto de vilania. O momento ocorreu durante o capítulo da novela das nove da TV Globo e rapidamente se tornou viral.

A cena que gerou polêmica

Na trama escrita por Aguinaldo Silva, o personagem Ferrete, interpretado por Murilo Benicio, acabara de ordenar o assassinato da cuidadora Claudia, vivida por Lorrana Mousinho. Após a tentativa fracassada de homicídio, o vilão tem um acesso de fúria com seus capangas Macedo (Rodrigo Garcia) e Edilberto (Júlio Rocha).

Em um momento solitário diante da câmera, Ferrete se senta em sua mesa de trabalho e profere a frase que gerou a polêmica: "Meu Deus do céu, eu sou um cidadão de bem". O personagem complementa seu desabafo dizendo: "Eu cumpro com meus deveres, pago meus impostos. O que é que eu fiz para merecer tudo isso?".

Repercussão nas redes sociais

Imediatamente após a exibição da cena, os espectadores começaram a compartilhar trechos e comentários nas plataformas digitais. A ironia de um criminoso que ordena assassinatos e distribui medicamentos falsos se declarar "cidadão de bem" não passou despercebida.

Muitos usuários do X (antigo Twitter) interpretaram a fala como uma alfinetada política do autor Aguinaldo Silva direcionada ao bolsonarismo. A expressão "cidadão de bem" foi amplamente utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores durante sua ascensão política em 2018 e ao longo de seu mandato.

Um dos tweets que viralizou comentou: "Ferrete dizendo que é um cidadão de bem, Aguinaldo Silva não é inocente kkkkkkk". Outra usuária postou: "Para um bom entendedor..." acompanhando o vídeo da cena polêmica.

Contexto político e histórico

Esta não é a primeira vez que Aguinaldo Silva incorpora críticas políticas em suas tramas. O autor é conhecido por inserir farpas politizadas em suas novelas, criando paralelos entre a ficção e a realidade brasileira.

A retórica do "cidadão de bem" tornou-se um dos símbolos do movimento bolsonarista, sendo frequentemente utilizada em discursos e manifestações políticas. A apropriação da expressão por um personagem claramente vilanesco como Ferrete - envolvido em esquema de venda de medicamentos falsos e tentativa de homicídio - foi vista como uma crítica ácida a essa narrativa política.

A cena continua a gerar debates nas redes sociais, com espectadores divididos entre os que veem a crítica política intencional e os que consideram apenas uma coincência do roteiro. A polêmica demonstra como as novelas brasileiras continuam a ser um espelho das discussões que permeiam a sociedade.