
Não é todo dia que um filme estrangeiro chega e simplesmente rouba a cena num festival brasileiro. Mas foi exatamente isso que aconteceu na 17ª CineBH, onde o longa-metragem uruguaio Queimadura, dirigido por Federico Veiroj, levou o principal prêmio da mostra Território.
Que história é essa que conseguiu conquistar tanto o público quanto a crítica? Bom, o filme mergulha fundo nas complexidades sociais — e faz isso com uma sensibilidade que, francamente, poucas produções conseguem alcançar.
Um reconhecimento mais que merecido
O prêmio não veio sozinho, claro. Junto com o troféu, a produção recebeu R$ 15 mil em serviços da Paris Filmes — um incentivo e tanto para a distribuição no mercado brasileiro. Algo que, convenhamos, pode fazer toda a diferença para um filme que merece ser visto.
O que mais impressiona é como Queimadura consegue falar sobre temas tão densos sem perder a poesia. O diretor Veiroj parece ter encontrado aquela rara combinação entre conteúdo social relevante e linguagem cinematográfica refinada.
O festival que não para de crescer
A CineBH, organizada pela Universo Produção, já virou tradição em Belo Horizonte. E cada edição parece superar a anterior — esta 17ª edição contou com nada menos que 107 filmes na programação. É cinema de sobra para todos os gostos.
Mas o Território tem seu charme especial. Focado em produções que discutem identidade, memória e questões sociais, a mostra sempre traz aqueles filmes que ficam na nossa cabeça por dias. E Queimadura certamente é um deles.
O juri — composto por profissionais que realmente entendem do riscado — não teve dúvidas ao escolher o trabalho uruguaio. A decisão parece ter sido unânime, o que diz muito sobre a qualidade da produção.
Por que esse filme ressoa tanto?
Talvez porque, num mundo cada vez mais fragmentado, histórias que falam da condição humana de forma honesta encontrem eco imediato. Queimadura não é daquelas produções que você esquece ao sair da sala — ela gruda na pele, como o próprio título sugere.
E não é surpresa que um festival como a CineBH tenha reconhecido isso. Ano após ano, a mostra mineira prova ter um olhar apurado para cinema que importa — aquele que provoca, questiona e, acima de tudo, emociona.
Enquanto muitos festivais se perdem em produções puramente comerciais, a CineBH mantém seu compromisso com filmes que têm algo a dizer. E Queimadura, definitivamente, tinha muito a dizer.