Um grupo de jovens estudantes do interior de Roraima conquistou reconhecimento nacional com a seleção de seu documentário para uma das principais mostras de cinema do país. O curta-metragem "Yuri", produzido por adolescentes de Caracaraí, foi escolhido para integrar a programação da 21ª Mostra Internacional do Cinema Negro de São Paulo (Micine/SP).
Da oficina para o circuito nacional
O filme documental de 10 minutos, com previsão de lançamento em 2025, foi desenvolvido durante oficinas de cinema realizadas no município de Caracaraí, localizado na região sul de Roraima. As atividades faziam parte da Mostra de Cinema "A Moda é Viver" e aconteceram em abril deste ano.
Os diretores Leandro Monte e Éder Santos lideraram o projeto, mas a concepção e roteirização foram totalmente idealizadas pelos adolescentes participantes das oficinas. O antropólogo e professor da USP, Celso Luiz Prudente, é o responsável pela curadoria do evento.
História de superação no interior brasileiro
O documentário "Yuri" conta a trajetória de Luciana Paiva, uma adolescente do município que enfrentou uma série de desafios pessoais. A narrativa acompanha sua jornada através da separação dos pais, a trágica morte do pai em um acidente, a descoberta da gravidez precoce e os obstáculos da maternidade, culminando na conquista da conclusão dos estudos.
Segundo o diretor Éder Santos, o projeto destacou o protagonismo local, envolvendo toda a comunidade escolar. "A partir das atividades da Mostra em Caracaraí foi despertado o interesse dos alunos para fazer audiovisual, envolvendo uma rede de amigos, familiares, professores e gestores da escola", afirmou.
Reconhecimento e representatividade
Para o Instituto A Moda é Viver, a seleção do filme representa um marco para as iniciativas culturais no interior do estado. A presidente da instituição, Alda Araújo, enfatizou que a conquista é um reconhecimento ao protagonismo dos estudantes e ao impacto transformador da cultura na vida dos jovens.
Éder Santos também ressaltou a importância da representatividade: "Cinema é coletividade. O cinema negro é o cinema das maiorias minorizadas e Roraima estará bem representado".
A exibição do documentário ocorrerá entre 3 de novembro e 22 de dezembro de 2025 em diversos espaços culturais da capital paulista, incluindo:
- Teatro do SESI-SP
- Centro Cultural FIESP
- Museu da Imagem e do Som (MIS/SP)
- Diversitas/USP
- LabArte/FEUSP
- Cine REAG Belas Artes
- Faculdade Sesi de Educação