A Associação Paulista de Cineastas (APACI) saiu publicamente em defesa do ator Wagner Moura, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e do diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (ANCINE), Paulo Alcoforado. O apoio veio após uma série de críticas feitas pela empresária Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso, e pelo senador Randolfe Rodrigues (PT).
O que desencadeou a polêmica?
O ponto central da discussão foi a atitude de Wagner Moura em cobrar publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre pautas específicas do Projeto de Lei (PL) do Streaming. A proposta, que está em debate no Congresso, busca regulamentar a atuação das grandes plataformas de vídeo por assinatura e das big techs no Brasil.
Paula Lavigne, em declarações que ganharam repercussão, afirmou se arrepender de ter apoiado o senador Randolfe e criticou a postura do ator. "Sou progressista, mas não sou injusta. Estou junto com o Ministério da Cultura vendo todo o sacrifício que eles vêm fazendo", disse ela, sugerindo que Moura foi inadequado ao questionar o ministério.
Posicionamento firme da APACI
Em nota divulgada, a APACI classificou a divulgação de áudios críticos como uma "tentativa de enfraquecer o debate público". A associação afirmou que as ações tinham caráter difamatório e ocorreram em um momento crucial: às vésperas da votação dos projetos de regulamentação.
O texto da entidade é enfático ao defender os alvos das críticas. Eles são descritos como "agentes comprometidos com a construção de uma regulação justa e à altura do audiovisual brasileiro". A APACI entende que o ataque busca deslegitimar o debate necessário sobre um marco legal essencial para o setor cultural do país.
O timing estratégico das críticas
A nota chama atenção para a data do ocorrido: 18 de dezembro de 2025. O momento, tão próximo de uma votação importante, é visto pela associação como estratégico para criar ruído e confusão. A defesa de Wagner Moura e dos outros nomes não é apenas pessoal, mas uma defesa do próprio processo democrático de discussão da lei.
A APACI reforça a importância de um debate técnico e transparente, livre de ataques pessoais que possam desviar o foco do mérito da proposta que regulamenta as plataformas de streaming.
Repercussão e próximos passos
A polêmica coloca em lados opostos figuras tradicionalmente alinhadas em causas progressistas e culturais. De um lado, artistas e uma associação de classe do cinema defendendo uma postura mais assertiva na cobrança por avanços. De outro, vozes que consideram a cobrança desrespeitosa diante dos esforços já em curso no Ministério da Cultura.
O episódio joga luz sobre as tensões e os diferentes entendimentos dentro do campo governista sobre como conduzir políticas públicas para a cultura. Enquanto isso, a PL do Streaming segue seu trâmite no Congresso, com o setor audiovisual brasileiro aguardando ansiosamente por uma regulação que equilibre os interesses das plataformas internacionais e a preservação da produção nacional.