O mundo do cinema foi abalado na segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, pela trágica notícia da morte do renomado diretor Rob Reiner e de sua esposa, Michele Singer Reiner. Enquanto colegas e admiradores manifestavam pesar, a reação do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seguiu um caminho diametralmente oposto, marcado por ataques e insensibilidade.
Ataque nas redes sociais e a "Síndrome de Transtorno Trump"
Em vez de um tributo, Donald Trump utilizou sua plataforma na rede social Truth Social para dirigir críticas ao cineasta, que em vida foi um de seus mais ferrenhos opositores públicos. Em uma declaração que mesclou um breve reconhecimento da tragédia com insultos, Trump escreveu que o ocorrido era "muito triste", mas logo emendou, referindo-se a Reiner como "um homem perturbado e mal das pernas".
O ponto mais polêmico do post foi a alegação de que a morte do casal teria uma causa incomum. Trump sugeriu que ela aconteceu "aparentemente devido à raiva que provocava nos outros por meio de sua gigantesca, incansável e incurável aflição neurodegenerativa: a 'síndrome de transtorno Trump', às vezes chamada de STT".
Esta suposta síndrome não é um conceito médico real, mas uma hipótese que ganhou espaço em alguns círculos políticos aliados a Trump. Em março de 2025, por exemplo, o deputado Warren Davidson, do Ohio, chegou a registrar um ato buscando direcionar verbos dos Institutos Nacionais de Saúde para estudar as "raízes psicossociais" do alegado transtorno. Republicanos do Minnesota também tentaram incluir o termo no dicionário oficial de saúde mental do estado.
Histórico de críticas e a investigação policial
A postagem de Trump é vista como uma resposta direta aos anos de duras críticas que Rob Reiner lhe dirigiu. A rixa pública era longa e acirrada. Em 2017, o diretor afirmou que Trump era "mentalmente incapaz" de governar os EUA. No ano seguinte, foi além e o chamou de traidor da pátria. Em outubro de 2025, poucos meses antes de sua morte, Reiner comparou o clima político da época ao Macarthismo, considerando-o ainda mais opressivo que a perseguição anticomunista dos anos 1950.
Enquanto a controvérsia política se desenrolava nas redes, as autoridades em Los Angeles investigavam o caso como um homicídio. Rob e Michele Reiner foram encontrados mortos na noite de domingo, 14 de dezembro. Horas após a descoberta, a Polícia de Los Angeles deteve Nick Reiner, filho do casal, como principal suspeito do crime.
O legado de Rob Reiner no cinema
Para além da trágica circunstância de sua morte e da polêmica política, Rob Reiner deixa um legado cinematográfico brilhante. Ele iniciou a carreira como ator cômico, mas foi atrás das câmeras que consolidou sua genialidade. Seu primeiro longa, Isto é Spinal Tap (1984), uma sátira hilariante das bandas de hair metal, é considerado um clássico cult.
Sua versatilidade ficou evidente nos anos seguintes, com filmes aclamados em gêneros completamente distintos:
- Conta Comigo (1986): uma sensível adaptação de uma novela de Stephen King sobre a amizade na adolescência.
- A Princesa Prometida (1987): um conto de fadas aventuresco e cheio de humor que conquistou gerações.
- Harry e Sally – Feitos Um para o Outro (1989): um marco das comédias românticas, que debateu se homens e mulheres podem ser apenas amigos.
- Louca Obsessão (1990): um thriller psicológico de suspense que mostrou seu domínio sobre o terror.
Em 2025, Reiner ainda lançou a sequência Spinal Tap 2: The End Continues, demonstrando que sua criatividade permanecia ativa. A morte de Rob Reiner encerra não apenas a vida de um grande artista, mas também um capítulo intenso de engajamento político, cujos ecos, como demonstrou a reação de Donald Trump, continuam a ressoar de forma contundente e divisiva.